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Dengue em 2024: podemos estar perto de uma nova epidemia

Os tipos da dengue em circulação, o alto número de casos em 2023 e outros fatores preocupam. Especialista mostra o que fazer para minimizar o problema

Por Helio Magarinos Torres Filho, patologista*
29 dez 2023, 08h57
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Os mosquitos que transmitem a dengue estão muito bem adaptados ao nosso país.  (Ilustração: Eber Envangelista e Laura Luduvig/SAÚDE é Vital)
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Ao longo deste ano, acompanhamos a identificação dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue em circulação no Brasil. Este cenário despertou preocupações legítimas, especialmente em relação à possível eclosão de uma epidemia do vírus.

A baixa imunidade da população somada ao risco aumentado de casos graves de dengue em reinfectados por sorotipos distintos representa um desafio significativo para o sistema de saúde brasileiro.

O vírus da dengue, composto pelos sorotipos DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, apresenta ciclos no Brasil, com explosões epidêmicas a cada quatro ou cinco anos. Historicamente, os sorotipos 1 e 2 são os mais comuns, sendo o DEN-1 o mais prevalente entre os brasileiros.

+Leia também: Quem corre maior risco com a dengue — e o que esperar da nova vacina?

A situação atual levanta sérias preocupações quanto ao número de mortes por dengue em 2023. Até a semana epidemiológica 48, o Brasil já havia registrado 1 053 mortes relacionadas à doença, o equivalente ao total de 2022, o ano mais letal da dengue em nosso país.

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Considerando as mais de 200 mortes em investigação e sem incluir os dados da semana epidemiológica 49, é provável que o número de óbitos em 2023 ultrapasse os registros do ano anterior.

O sorotipo 3 (DEN-3), ausente em epidemias no Brasil há 15 anos, e o sorotipo 4 (DEN-4), reintroduzido em 2010 após 28 anos, aumentam a complexidade do panorama.

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Ao contrair a doença, é importante entender que o indivíduo desenvolve imunidade apenas para o sorotipo específico pelo qual foi infectado. No entanto, a possibilidade de até quatro infecções por dengue, uma para cada sorotipo, aumenta o risco de formas mais graves, como a dengue hemorrágica, a cada nova infecção.

O diagnóstico preciso da doença e a identificação do sorotipo são fundamentais para uma intervenção eficaz. Hoje já temos disponível em larga escala o teste de pesquisa de RNA para dengue por PCR. Ele deve ser feito logo no início dos sintomas e, preferencialmente, até o sétimo dia.

A presente conjuntura exige uma vigilância contínua e ações preventivas para mitigar seu impacto em nossa sociedade. É imperativo que as autoridades de saúde e a população se unam para conter a propagação do vírus, através do controle dos focos do mosquito transmissor (Aedes aegypti), e da vacinação.

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Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina da dengue (Qdenga) ao Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, neste primeiro momento, a cobertura não será em larga escala, com cerca de cerca 3,1 milhões de pessoas podendo ser vacinadas.

É importante que quem estiver no grupo prioritário fique atento e, quem tiver possibilidade, procure a rede particular.

*Helio Magarinos Torres Filho é patologista e diretor do Richet Medicina & Diagnóstico/Rede D’or

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