Já reparou que toda vez que você passa com um profissional de saúde, seja no pronto-atendimento, em consulta, na fisioterapia ou no dentista, ele pergunta: “De 0 a 10, que nota você dá para sua dor?”.
A pergunta parece não ter muita importância e pode soar até chata. Eu posso dizer que escuto muitas reclamações. Mas essa questão aparentemente boba na verdade é valiosa, porque a numeração guia o profissional da saúde para as condutas subsequentes. No caso de um tratamento, a resposta avalia se a intervenção feita foi eficiente, ou se será preciso tomar outras medidas.
Em 1995, o doutor James Campbell, então presidente da Sociedade Americana de Dor), apresentou a ideia de avaliar a dor como um sinal vital. Afinal, a dor ainda é o sintoma que mais leva as pessoas a buscar ajuda médica. Segundo ele, este parâmetro de 0 a 10 elevaria a conscientização dos profissionais para avaliar e gerir a dor de seus pacientes.
A ideia foi rapidamente adotada pela VHA (Veterans Health Administration) e pela Joint Commission, líder mundial em certificação de organizações de saúde. Com a força das duas organizações, a escala numérica de dor de zero (0) a dez (10) foi implementada em todas as clínicas e hospitais dos Estados Unidos. Rapidamente, todos os ambientes clínicos e hospitalares começaram a usar as pontuações como medida de qualidade de atendimento e também nos relatórios de avaliação de provedores de saúde.
A escala é avaliada da seguinte forma:
- Zero = nada de dor
- Um a três = dor de fraca intensidade
- Quatro a seis = dor de intensidade moderada
- Sete a nove = dor de forte intensidade
- Dez = dor de intensidade insuportável
Você provavelmente já experimentou algumas variações dessa escala, mas essa ideia foi revolucionária para a medicina da dor. Com ela, pudemos evoluir e melhorar a avaliação da dor dos pacientes e criar protocolos de atendimento importantes.
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Parâmetros como saída do centro cirúrgico para o quarto, alta hospitalar, uso de compressa quente ou fria, doses de medicamento, mudança de posição no leito, fisioterapia e pesquisas científicas… tudo isso foi influenciado por essa escala de dor.
Costumo dizer nas minhas aulas o seguinte: “o que você não acompanha, você não controla. E o que você não controla, não pode mudar”.
A dor é individual e subjetiva. Consequentemente, cada organismo reage de um jeito às propostas aliviadoras. Com isso em mente, a escala numérica da dor veio como o quinto sinal vital, agregado aos outros quatro: pressão arterial, pulso, frequência respiratória e temperatura. Todos são indispensáveis nos cuidados com os pacientes.
Desde o ano 2000, o conceito da dor como quinto sinal vital passou a ser difundido pelo mundo. Essa medida padronizada nos ajuda a tratar com mais seriedade a maior queixa das pessoas quando procuram por ajuda médica, gerando mudanças no posicionamento da equipe multidisciplinar, na qualidade de cuidados da instituição e trazendo conforto para o paciente.
E agora, se alguém perguntar que nota você dá a sua dor, vai achar chato?
*Mariana Schamas, cinesiologista, pós-graduada em dor e criadora do próprio método e do aplicativo DOLORI.