Quando viramos a primeira hora de 2020, o espírito de renovação e todo o entusiasmo de zerar o placar e recomeçar tomava conta dos mais de 211 milhões de brasileiros. Mas entre nós, médicos e comunidade científica, despontava uma leve preocupação com um vírus recém-detectado na China. Era o Sars-CoV-2. Pois também iniciamos 2021 apreensivos, dessa vez com a confirmação de uma nova variante do coronavírus no Brasil e com a percepção de que tivemos o ano mais atípico da nossa geração e, provavelmente, dos nossos antepassados mais próximos.
No combate à pandemia, o Brasil mostrou um repertório de ciência que só cresce em quantidade e qualidade. Aqui, como em qualquer lugar do mundo, os pesquisadores estão sempre buscando antever manifestações de doenças em larga escala. Nesse sentido, bactérias e outros micro-organismos são alvos de pesquisas constantes. Arrisco dizer que ninguém no planeta imaginava que enfrentaríamos um inimigo com características e consequências tão difíceis de serem decifradas.
Mas isso não foi e nem será empecilho para os persistentes cientistas. Milhares de pesquisadores no mundo, e em especial no Brasil, seguiram trabalhando, de casa ou da bancada do laboratório, para buscar respostas para o manejo da Covid-19. E resilientes como são, desenvolveram estudos com foco em diagnóstico, prevenção, tratamento — uma luta incansável para encontrar respostas seguras e baseadas no rigor científico.
Sigo entusiasmado com a capacidade produtiva da nossa ciência. É impressionante que tenhamos disponibilizado testes de diagnóstico tão seguros e eficientes em tempo recorde, que avançamos tão rapidamente em protocolos de diferentes vacinas (a estratégia mais eficiente para o enfrentamento da pandemia) e que as equipes na linha de frente de hospitais sigam assistindo e confortando aqueles com a forma mais grave da Covid-19.
Expressões como RT-PCR, testes imunológicos, anticorpos, pesquisa clínica de fase 1, 2 e 3, e tantas outras comuns à comunidade científica passaram a frequentar capas dos veículos de comunicação e, como consequência, a boca do povo. E que bom, porque houve uma conscientização em massa do quanto saúde e pesquisa andam juntas.
O ano de 2021 começa com a esperança da imunização. Mas não podemos esquecer que esse também será um processo – nem longo, nem curto, mas na velocidade que nosso sistema de saúde consegue responder. Assim como foi com o diagnóstico e como é com o tratamento.
Por isso é tão importante adotarmos o tal “novo normal”, que entrou em nossas casas e vidas em meados de março. Máscara e álcool gel vieram para ficar, assim como a restrição de tempo na rua e o fim das aglomerações.
Como não sabemos quanto tempo essa realidade vai durar, vale a máxima de cuidar da saúde e prevenir doenças. As rotineiras consultas com especialistas precisam ser mantidas, principalmente para quem pertence aos grupos de risco do coronavírus. Essa precaução evita a sobreposição de problemas de saúde ou complicações. Procure seu médico e mantenha os cuidados em dia: seja um agente ativo para o fim dessa pandemia!
Enquanto cada um de nós faz a própria parte, nossos brilhantes cientistas seguem trabalhando para entender ainda mais os mecanismos desse vírus; como bem vimos com a terceira edição do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica. Confio na ciência e, enquanto espero pela imunização de rebanho que daqui algum tempo a vacina nos trará, sigo cuidando do corpo e da mente e me ajustando a essa nova realidade. E você, já se adaptou?
*Emerson Gasparetto é mestre e doutor em Radiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi vice-presidente da área médica da Dasa e é Chief Medical Officer (CMO) da Ímpar, rede hospitalar que integra o Grupo Dasa.