As doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como o nome sugere, causam inflamação no intestino – além de poderem comprometer articulações e outros órgãos, como pele, fígado e olhos. No Brasil, a estimativa de prevalência é de 100 casos para cada 100 mil habitantes. Estamos falando de quadros crônicos que podem atingir pessoas em qualquer idade, apesar de serem mais frequentes na população entre 15 e 35 anos.
A jornada até o diagnóstico começa na identificação dos sinais e sintomas, que muitas vezes são comuns a outras doenças. A lista é extensa e inclui dor abdominal, sensação de barriga estufada, cólicas, diarreia, emagrecimento, sensação de esvaziamento incompleto do intestino, flatulência exagerada e, por vezes, sangue e muco nas fezes.
A partir dessas manifestações, a busca por um gastroenterologista torna-se essencial. Para que a suspeita seja confirmada, é necessário avaliar os sintomas clínicos, além de realizar exames de imagem e de sangue. A confirmação ocorre por meio de endoscopia no intestino, procedimento conhecido como colonoscopia. É comum também, em vários casos, a necessidade de tomografia e ressonância magnética.
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Pelo fato de estarmos lidando com quadros crônicos, sem possibilidade de cura – e que podem variar de acordo com o tipo e o grau da inflamação –, o tratamento das DIIs tem como principal objetivo manter o controle da doença. Nesse cenário, vale destacar algumas questões que devem fazer parte da rotina do paciente além da prescrição medicamentosa.
Uma é a opção por uma alimentação balanceada, evitando açúcar, cafeína, leite e derivados, comidas gordurosas picantes, ou com conservantes, e vegetais que aumentem a produção de gases, como o feijão, repolho e batata doce. A escolha por uma dieta com baixo teor de gordura e rica em fibras é um bom caminho a ser seguido.
Outro pilar importante para prevenir a manifestação das DIIs é a atividade física. E, claro, o cigarro e o álcool devem ser abolidos do dia a dia de quem pretende cuidar da saúde gastrointestinal.
Os tratamentos para as doenças inflamatórias intestinais são essenciais para o controle do quadro, o que chamamos de remissão. A partir da adesão à terapia de maneira contínua, sempre sob a orientação de um médico, é possível prevenir os episódios inflamatórios por períodos maiores, que chegam a meses ou até alguns anos.
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Como em várias outras áreas, nos últimos anos tivemos avanços relevantes no combate às DIIs. Um exemplo é a disponibilização de medicamentos biológicos, como o infliximabe subcutâneo, no SUS. Ele é um biossimilar que teve sua incorporação recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
Pensando nas diferentes realidades vividas em várias regiões do Brasil, as opções terapêuticas subcutâneas, sem a necessidade de administração em ambiente hospitalar, têm sido uma alternativa para ampliar o acesso dos pacientes ao tratamento, especialmente para quem mora em localidades distantes de clínicas de infusão.
Aumentar o nível de informação e conhecimento por parte das pessoas, investir em ciência para a descoberta de novas terapias e buscar a equidade quando pensamos em tratamento são desafios prioritários para a cadeia de saúde, pensando sempre em oferecer o que há de melhor aos pacientes que enfrentam a jornada das doenças inflamatórias intestinais.
*Flavio Steinwurz é gastroenterologista e membro da Organização Internacional para o Estudo das Doenças Inflamatórias Intestinais (IOIBD, na sigla em inglês).