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Câncer de colo de útero: só o HPV está por trás?

Médica esclarece relação do vírus com a doença e os casos em que isso não ocorre e aponta medidas de prevenção e diagnóstico precoce

Por Michelle Samora, oncologista*
Atualizado em 14 dez 2020, 10h09 - Publicado em 13 dez 2020, 10h56
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  • O câncer de colo do útero, também conhecido por câncer cervical, é uma doença de evolução lenta que afeta, principalmente, mulheres acima dos 25 anos. É o terceiro tumor maligno mais frequente – atrás apenas do de mama e do colorretal – e a quarta causa de morte por câncer entre a população feminina no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No entanto, pode ser descoberto durante exames de rotina, como o papanicolau, e tem altas chances de cura quando detectado e tratado precocemente.

    O principal fator de risco para a doença é o papilomavírus humano (HPV), cujos tipos 16 e 18 causam 70% dos tumores do colo do útero e lesões pré-cancerosas na região, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde. Também há evidências científicas que relacionam o mesmo HPV com cânceres de ânus, vulva, vagina, pênis e boca e garganta.

    Porém, apesar de amplamente divulgado, o papilomavírus humano não é o único motivo por trás do desenvolvimento de tumores cervicais. Estima-se, mundialmente, que de 7 a 11% dos casos sejam negativos para o HPV. Esses números chamam a atenção, mas ainda não são conclusivos. Existem várias razões para um resultado negativo nos exames.

    Os cânceres de colo de útero são classificados em três grandes grupos: carcinoma espinocelular, adenocarcinoma e adenoescamoso. Dentre os carcinomas espinocelulares, é muito incomum não identificar a presença do vírus. Nos adenocarcinomas, a positividade varia a depender dos subtipos. A maioria, porém, está relacionada à presença do HPV.

    Há outro grupo de tumores nessa história, os que podem ser considerados como falsos negativos, pois perdem a expressão do HPV ao longo do seu desenvolvimento. E há também aqueles que se desenvolvem a partir de um tipo de HPV de baixo risco, o que é mais raro.

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    Por fim, a presença de metástase (quando a doença se espalha) de um local fora da região genital para o colo do útero, apesar de ser um evento incomum, é algo factível e justificaria a ausência de detecção do vírus no ambiente tumoral.

    Com tudo isso em mente, precisamos considerar quais os testes e materiais biológicos utilizados para a identificação do HPV e sua correta validação, algo que ajuda inclusive na tomada de decisões durante o tratamento.

    Apesar de prevenível com vacinação contra HPV e detecção precoce, com uma chance de cura que beira os 100% se flagrado em estágios iniciais, o câncer de colo de útero ainda é muito prevalente e perigoso. Estamos falando de uma doença que mata cerca de 300 mil mulheres ao ano no mundo. Precisamos mudar essa história.

    * Michelle Samora é oncologista do Centro Paulista de Oncologia – Grupo Oncoclínicas

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