“A história nunca se repete, mas frequentemente ela rima”. Com essa frase do escritor Mark Twain, o professor Howard B. Chrisman, presidente da Northwestern Memorial Healthcare, abriu o Congresso Americano de Radiologia (RSNA) na última semana de novembro, na cidade de Chicago. Esse é o evento mais importante do mundo no setor de diagnóstico por imagem, onde são apresentadas as principais descobertas científicas e tendências tecnológicas da área.
E o tema central não poderia ser mais oportuno: lidar com as mudanças. Um conceito tão comum em setores como telecomunicações, finanças, indústria da tecnologia, mas que agora também chega mo setor da saúde, que se transforma a passos largos à medida que inovações são incorporadas.
Assim como vimos nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) foi a grande protagonista dos debates. Dessa vez, ressaltando as soluções práticas que tendem a aperfeiçoar e otimizar as rotinas médicas.
Por exemplo: os fabricantes de aparelhos de ressonância magnética já tornaram realidade equipamentos que, turbinados com uso de IA, geram imagens com redução de cerca de 40% no tempo do exame. É um avanço positivo para quem precisa ficar dentro de um tubo apertado por vários minutos ouvindo um barulho alto e desconfortável.
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Também vimos sistemas que geram laudos radiológicos com funcionalidades inteligentes capazes de fazer uma espécie de triagem de achados importantes nas imagens, como fraturas, sangramentos e tumores. A partir daí, eles organizam as filas de trabalho dos profissionais por urgência para avaliar esses exames potencialmente mais críticos com prioridade.
E para dizer que não tivemos expectativas sendo criadas no congresso, discutiu-se muito o potencial do uso em saúde da nova queridinha dos noticiários tecnológicos: a Inteligência Artificial Generativa. Para quem não sabe, é aquela mesma que escreve textos, entende conversas, faz resumos etc – como o ChatGPT.
Ela seria útil, por exemplo, para resgatar rapidamente informações clínicas em prontuários eletrônicos, na maioria das vezes preenchidos de forma dispersa e desestruturada, o que toma muito tempo dos profissionais de saúde. Em breve, esse preenchimento terá um fluxo mais fluido, talvez sendo preenchido automaticamente à medida que as máquinas acompanham e documentam as interações entre humanos.
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Nesta edição, também enxergamos a tecnologia sob uma perspectiva mais humana, onde a automação serve para empoderar nossas capacidades. Isso deixa um sentimento interessante.
É claro que as inovações e transformações não vão parar de acontecer, o que de uma certa maneira traz consigo a sensação de ineditismo. Mas, se olharmos com um grau de abstração, sempre haverá um paralelo histórico, uma inovação correlata em setores vizinhos ou no mesmo setor que altera a lógica dos fatores de maneira semelhante.
Talvez estejamos numa escala de evolução mais rápida, mas como vimos na frase de abertura, essa música rima com coisas que já vimos antes. Abracemos a mudança e vamos evoluir com ela.
*Bruno Rocha Aragão é radiologista e coordenador médico de Inovação do Grupo Fleury