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As novas tecnologias e a democratização do acesso à saúde

Diretora de uma startup conta como plataformas que possibilitam consultas e exames a distância podem aprimorar a assistência médica pelo território nacional

Por Ana Carolina Lucchese, diretora da Tuinda Care*
9 set 2021, 11h38
consulta virtual
Telemedicina e novas tecnologias permitem conectar regiões distantes e carentes com centros de referência.  (Ilustração: Rômolo/SAÚDE é Vital)
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Não resta dúvida de que a telemedicina é um dos maiores legados da pandemia. As consultas remotas atingiram um patamar de relevância inédito no Brasil e têm evitado a ida de milhares de pacientes a hospitais, clínicas, laboratórios e locais com alto índice de contaminação por Covid-19. Um novo hábito que carrega consigo outros tantos benefícios, como menos deslocamentos, otimização de tempo e redução de custos. E a tendência é que cada vez mais pessoas tenham acesso a essa experiência.

Comodidade e aproveitamento de recursos que podem se ampliar ainda mais. Imagine que, além de fazer uma consulta por videochamada, já é possível realizar, sentado no sofá de casa, um exame físico de otoscopia, aquele que avalia as estruturas do ouvido. Ou analisar se há uma infecção na garganta. Ou, ainda, fazer imagens de uma lesão na pele que está preocupando. Já existem plataformas que permitem inclusive auscultar pulmão, coração e abdômen a distância. Tudo isso com alta acurácia e segurança. Os resultados são enviados em tempo real para o médico, que, do outro lado da linha, pode fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento.

Você deve estar se perguntando: “mas será que os resultados são confiáveis?”. Um estudo recém-apresentado em um congresso europeu comprovou que sim. Os dados coletados de pacientes submetidos a exames físicos realizados com essa nova tecnologia foram comparados com o exame físico tradicional e presencial para verificação da compatibilidade dos dois métodos. E os resultados não deixam dúvida: essa é, sim, uma ferramenta que pode mudar o cenário de múltiplas práticas clínicas, tornando possível o acompanhamento remoto de indicadores que antes só eram possíveis presencialmente.

O ensaio que mencionei apontou concordância de 98% no caso da ausculta pulmonar, 96% em ruído do tórax, 94% em ruídos adventícios, 93% no ritmo do coração, dentre outros exames comparados, todos com alto grau de precisão. É sempre gratificante ver como a tecnologia em uso é capaz de provocar reações de encantamento em médicos de diversas especialidades, que ficam surpresos com o grau de nitidez dos exames realizados remotamente e as possibilidades que vislumbram a partir deles.

Atualmente, essa plataforma tecnológica é utilizada por dois hospitais de referência em pediatria no Brasil, o Pequeno Príncipe, em Curitiba, e o Sabará, em São Paulo. E podem beneficiar muito mais pessoas. Na rede pública, por exemplo, o equipamento poderia ajudar milhares de brasileiros com acesso restrito a medicina.

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Imagine uma comunidade ribeirinha inteira com acesso a cuidados médicos de qualidade com um aparelho que necessita apenas de sinal de internet para funcionar. Cidades afastadas e desassistidas podem ter acesso imediato a especialidades médicas que antes só estavam disponíveis a dias de viagem de distância. Ou ainda pessoas dos grandes centros que tenham dificuldade de locomoção, para as quais uma ida ao hospital ou a um centro clínico pode significar um enorme transtorno.

Acredito que a telemedicina ainda trará outro benefício ainda maior, que será sentido a longo prazo: o empoderamento das pessoas e das famílias no cuidado com a sua saúde. Ao levar o atendimento médico para dentro de suas casas, combinado com o uso de equipamentos que permitem a cada um monitorar seus sinais vitais e realizar exames diversos, sentimos que o paciente se engaja mais em seu diagnóstico e no acompanhamento da evolução do seu próprio quadro.

O paciente passa a se sentir protagonista, entendendo que precisa exercer papel ativo no gerenciamento da sua saúde. Como, aliás, deveria ser. Afinal, de nada adianta o médico passar recomendações e prescrições se o paciente não as seguir – muitas vezes é preciso alterar rotinas e hábitos, e para isso é fundamental estar engajado.

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Estamos entrando em uma nova era, com a tecnologia e a conectividade unindo pontas antes distantes e mudando a forma como cuidamos de nossa saúde. Pensar na democratização do acesso e na excelência médica em todo o país não é mais um sonho distante. É uma realidade prestes a acontecer.

* Ana Carolina Lucchese é diretora da Tuinda Care, startup que tem como aceleradores os hospitais Pequeno Príncipe (PR) e Sabará (SP)

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