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As doenças inflamatórias intestinais em tempos de coronavírus

Médica reflete como as tensões do momento impactam em problemas como retocolite e doença de Crohn e dá orientações sobre o tratamento nesse período

Por Dra. Dídia Bismara Cury, especialista em DII*
Atualizado em 18 mar 2021, 15h49 - Publicado em 20 Maio 2020, 09h55
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  • Mundialmente, o mês de maio se tornou um período de alerta aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais (DII), com o principal objetivo de realizarmos o diagnóstico precoce dessas condições. A campanha ficou conhecida como Maio Roxo.

    Neste ano, porém, não bastasse lançarmos nossa atenção para a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, os tipos mais comuns de DII, também precisamos estar com os olhos atentos à Covid-19 e às angústias que podem impactar a qualidade de vida desse grupo de pacientes ou mesmo levar à interrupção do tratamento, induzindo pioras no quadro.

    Um estudo recente publicado na prestigiosa revista científica Nature revela, por exemplo, que distúrbios do sono são bastante comuns em portadores de doenças inflamatórias intestinais, gerando uma repercussão significativa nessas pessoas independentemente de a doença estar ativa ou inativa.

    Nos tempos de Covid-19, acredita-se que situações como essa, bem como o estresse e a ansiedade, podem ser acentuadas e impulsionar a piora das DIIs. Isso reforça a necessidade de avaliação e orientação médica para que esses pacientes encontrem o melhor caminho de trabalhar com seu estado psicológico.

    Além disso, técnicas que favorecem o controle das emoções, como meditação e palestras de autoajuda, apoio psicológico (individual ou em grupo), incentivo a positividade e a esperança e a busca por uma rotina mais próxima ao habitual podem ser ferramentas empregadas para o enfrentamento do momento atual.

    Não há dúvida que todos nós estamos diante de um período desafiador, independentemente de localidade ou classe social. As emoções afetam a todos e podem ser mais intensas nos pacientes que convivem com a DII. São ventos tempestuosos para a humanidade e, nessa situação tão inusitada, cabe a nós refletir e procurar uma postura que nos proteja do desespero e do pânico e nos conduza à resiliência – e, para tal, também são bem-vindas atividades que nos tragam prazer, como estar com a família, assistir a um bom filme, ler um bom livro…

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    A pandemia não poupa nenhum país e somos confrontados a seguir com força e confiança para vencer tanto o vírus como o medo, que repercute no manejo de doenças como as DIIs. Não podendo viajar pelo país ou o mundo, devemos viajar para dentro de nós mesmos em busca de serenidade, segurança e solidariedade e aprender a trabalhar em coletividade.

    Mas e o tratamento das doenças inflamatórias intestinais? Como a crise atual afeta os pacientes e as condutas de controle?

    O tratamento na era da Covid-19

    Sabendo que certos medicamentos utilizados nas DIIs interferem com a imunidade, muita gente se questionou se essas pessoas teriam maior risco diante da infecção pelo coronavírus. Além disso, por se tratar de um grupo de pessoas que tende a apresentar uma carga emocional mais intensa (estresse, ansiedade, insônia, medo, entre outros), fatores como esses poderiam culminar com a parada do tratamento medicamentoso e afastamento do acompanhamento médico, situações capazes de desenhar um cenário trágico de reativação da doença e piora tanto do quadro psíquico como físico.

    Um dos estudos recentes a respeito dos medicamentos, publicado no periódico médico Clinical Gastroenterology and Hepatology, sugere que grande parte desses tratamentos (aminosalissilatos, anti-TNFs, anti-integrinas e anti-interleucinas 12/23) não aumenta o risco de Covid-19. Cuidados adicionais parecem estar relacionados a outras classes terapêuticas e dependem das doses e da localidade onde o paciente faz o tratamento. Assim, deve-se avaliar caso a caso, uma vez que o controle da doença precisa ser individualizado.

    Somando-se a esse estudo, várias outras evidências reafirmam a importância da não interrupção do tratamento médico, uma vez que os riscos para esse grupo de doentes são parecidos com os da população em geral, isto é, a gravidade da Covid-19 está relacionada à presença de comorbidades como diabetes, obesidade e hipertensão.

    Como fica a prevenção

    As orientações de prevenção do contágio pelo coronavírus direcionadas à população em geral valem para os pacientes de doenças inflamatórias intestinais: procurar sair o menos possível de casa, usar máscara, lavar as mãos e evitar tocar nos olhos, nariz e boca, limpar objetos e superfícies onde se colocam as mãos, utilizar álcool em gel, evitar locais com aglomerações.

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    Além disso, pensando no bem-estar do corpo e da mente, recomenda-se manter uma alimentação balanceada e hidratação adequada, parar de fumar (se for o caso), conversar com os amigos virtualmente, falar com o médico sobre dúvidas, medos e angústias, discutir com ele o esquema de atualização das vacinas e alinhar e acentuar os cuidados se houver comorbidades.

    Reforçamos que seguir o tratamento médico nas DIIs é de suma importância agora. A interrupção no uso das medicações e no acompanhamento com o profissional podem ter consequências complexas. Até o momento, não há evidências de que portadores de Crohn e retocolite ulcerativa tenham maior risco para desenvolver a Covid-19. Por isso, o tratamento deve continuar.

    Nas circunstâncias atuais, a orientação, o esclarecimento e o acolhimento — assim como um olhar profundo e a sensibilidade do médico — nunca foram tão relevantes para manter os pacientes com doença de Crohn ou retocolite saudáveis física e psicologicamente.

    * Dra. Dídia Bismara Cury é gastroenterologista, professora visitante do Centro de Crohn e Colite do Brigham and Women’s Hospital da Universidade Harvard (EUA) e diretora do Centro de Doença Inflamatória Intestinal/ Clínica Scope, em Campo Grande (MS)

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