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Os sete alimentos que turbinam o cérebro

Pesquisadora elenca alguns dos ingredientes mais estudados para reduzir o risco de Alzheimer, depressão e outros problemas nervosos

Por Tailise Souza, PhD em biologia molecular*
28 jan 2020, 12h03
alimentos para o cérebro
Frutas vermelhas estão entre os principais alimentos com potencial para proteger o cérebro. (Foto: Getty Image/SAÚDE é Vital)
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Felizmente, os cientistas têm obtido cada vez mais evidências de que o estilo de vida exerce um papel importantíssimo na melhora das funções cerebrais e na prevenção das doenças neurodegenerativas, caso do Alzheimer. A alimentação é um capítulo à parte nessa linha de defesa.

Uma dieta equilibrada é extremamente bem-vinda ao cérebro, mas, para facilitar nossa missão de fazer boas escolhas no mercado e à mesa, listamos aqui sete alimentos que, integrados a uma rotina saudável, nutrem os neurônios e ajudam a preservar a memória e outras capacidades cognitivas.

1) Frutas vermelhas

Esses frutinhos deliciosos são ricos em compostos de ação antioxidante e anti-inflamatória e, assim, protegem nosso cérebro contra danos do envelhecimento. Para tanto, devem ser consumidos regularmente. Fazem parte do time morango, amora, uva, framboesa, mirtilo…

As provas de seus benefícios foram esmiuçadas em uma revisão de estudos feita por pesquisadores americanos que engloba tanto experimentos em ratinhos como trabalhos com seres humanos.

Em roedores idosos, observou-se, por exemplo, que o consumo prolongado de frutas vermelhas reduz o estresse oxidativo e a inflamação no cérebro, o que defende os neurônios diante das placas beta-amiloide — que se acumulam no cérebro de quem tem Alzheimer, destruindo as conexões entre as células e elas próprias. Na experiência, as cobaias que ingeriram frutas vermelhas também se saíram melhor em testes de memória espacial e de reconhecimento de novos objetos.

Em dois estudos com gente como a gente, homens e mulheres mais velhos, que já apresentavam problemas iniciais de memória, receberam doses diárias de suco de uva tinto ou suco de mirtilo ao longo de 12 semanas. Resultado: ganhos nos testes de memória verbal e espacial, na comparação com quem ingeriu bebidas sem os frutos de verdade.

O ideal é fazer as frutas vermelhas marcarem ponto na alimentação toda semana. Se estiverem caras ou fora da estação, vale apostar nas versões congeladas, que também oferecem esses efeitos positivos.

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2) Amendoim

Se você não for alérgico a esse alimento, dá para consumi-lo com frequência (só evitando, claro, porções exageradas). Ele é rico em gorduras boas, vitaminas e minerais caros ao cérebro. Além disso, sua casquinha contém resveratrol, a mesma substância protetora encontrada no vinho e no suco de uva. A vantagem do amendoim é que ele representa uma alternativa mais acessível.

Um trabalho de revisão recente aponta que o resveratrol é particularmente benquisto pelo cérebro. Ele está associado à proteção contra Alzheimer, Parkinson e até tumores cerebrais.

Lembre-se apenas de priorizar sempre a versão mais natural, sem sal e aditivos. É essa que traz o combo mais proveitoso à cabeça.

3) Folhas escuras

Couve e outras verduras de folhas escuras devem fazer parte da rotina alimentar. Isso porque nos ajudam a manter adequados os níveis de vitamina K. Pesquisas sugerem que essa vitamina também tem afinidade especial pela defesa do cérebro. Uma revisão de literatura científica publicada no periódico Frontiers in Neurology elenca pelo menos seis estudos diferentes que chegaram à mesma confusão: um elo entre a deficiência do nutriente e a redução da capacidade cognitiva em pessoas acima dos 65 anos.

Um trabalho conduzido no Canadá demonstrou que idosos com bons níveis de vitamina K no sangue apresentavam melhor performance em testes de memória verbal. Portanto, a memória agradece se você incluir no prato couve, espinafre, almeirão e companhia.

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Mas é preciso conversar com o médico antes se você tiver algum problema de coagulação e tomar certos medicamentos que atuam nesse processo. Como a vitamina K afeta a coagulação sanguínea, alguns ajustes no consumo deverão ser feitos e orientados caso a caso.

4) Açafrão (ou cúrcuma)

Um dos componentes dessa especiaria é a curcumina, um polifenol com comprovados efeitos antioxidante e anti-inflamatório. Com menos radicais livres e inflamação na área, o cérebro fica menos sujeito a processos degenerativos mais comuns com a idade.

Um estudo divulgado na revista científica Nutritional Neuroscience indica que o consumo frequente de polifenóis pode inclusive induzir o desenvolvimento de novos neurônios, além de ajudar a combater a depressão. O efeito se estende até ao estresse crônico e suas repercussões cerebrais. Em experimento com ratos, o uso da curcumina reverteu problemas associados ao estresse nos neurônios.

Em humanos, também já foi demonstrado que o consumo regular de curry, tempero indiano que contém cúrcuma, está relacionado a uma melhor atividade cognitiva.

Nesse momento, novos estudos clínicos são realizados para nos dar um entendimento mais amplo da atuação dessa especiaria no cérebro e de como devemos utilizá-la para potencializar seus benefícios. Só cabe uma conversa com o médico antes de adotar a cúrcuma de vez na rotina. Isso porque ela pode interagir com alguns medicamentos.

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Embora já existam suplementos à base desse ingrediente, o mais recomendado por ora é investir no tempero mesmo. Compre uma marca confiável e adicione a suas receitas.

5) Iogurte e kefir

Falamos agora dos alimentos fermentados, aqueles que ofertam bactérias bem-vindas ao nosso organismo. Crescem as evidências de que não só resguardam o intestino, mas também surtem resultados positivos no cérebro.

Pesquisadores europeus descobriram, por exemplo, que o consumo regular de bebidas fermentadas melhora a qualidade do sono e do humor em adultos saudáveis, o que, direta ou indiretamente, repercute na memória e em outras habilidades cognitivas.

Outro estudo, esse publicado no Journal of Functional Foods, constatou que a ingestão de uma bebida fermentada aperfeiçoou a performance cognitiva de idosos saudáveis, comparados com aqueles que não consumiram o produto.

Devido às cada vez mais exploradas conexões entre saúde intestinal e cerebral, podemos dizer que vale a pena incluir iogurte, kefir e/ou leites fermentados na rotina.

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6) Nozes

Sabemos que o grupo das oleaginosas (ou nuts) zela pelo bem-estar do cérebro, mas, em meio a esse time, as nozes merecem destaque. São ricas em ômega-3, uma gordura especialmente proveitosa para os neurônios, e substâncias de ação antioxidante e anti-inflamatória.

Segundo uma revisão publicada no The Journal of Nutrition, o consumo de nozes favorece a formação de novos neurônios e ainda contribui para a comunicação entre os já existentes. Além disso, otimiza a eliminação de toxinas que podem perambular pelo cérebro. A ingestão diária de uma porção parece turbinar particularmente a memória verbal.

Além disso, a inclusão das nozes dentro de um cardápio de estilo mediterrâneo (isto é, com frutas, verduras, legumes, azeite, peixes, vinho etc) está associada a uma redução em 46% no risco de sofrer um AVC. Não é tarefa de outro mundo investir em um punhado no dia a dia, né?

7) Peixes

Não é de hoje que se reconhece que o consumo de pescados é uma maravilha para o cérebro. Além da proteção contra doenças neurodegenerativas, surgem cada vez mais provas de que peixes ricos em ômega-3 ajudam a prevenir e reduzir significativamente sintomas de depressão — de modo mais rápido do que se imaginava.

Um estudo divulgado no periódico Psychiatry Research demonstrou que a suplementação com ômega-3 por 21 dias já foi suficiente para abrandar ou reverter alguns casos de depressão. Surpreendentemente, 67% dos pacientes que tomaram ômega-3 na pesquisa não apresentavam mais sinais de depressão no final do experimento.

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Vale ressaltar que não se propõe substituir remédios prescritos pelo ômega-3, ok? Existem situações que não podem ser controladas com suplementos ou mesmo alimentos. Assim, tudo deve ser conversado com o psiquiatra, que receitará as condutas de acordo com a situação.

O que nos interessa aqui é que nem sempre se precisa recorrer às cápsulas para ampliar a cota de ômega-3 no organismo e beneficiar o cérebro. O consumo de qualquer peixe pelo menos uma vez por semana é o suficiente para ampliar o volume de massa cinzenta, segundo estudiosos americanos e europeus. E, se o peixe for rico em ômega-3, seu consumo pode resultar em ganhos na memória que usamos para o trabalho, por exemplo.

Entre os peixes campeões em ômega-3, podemos citar o salmão, a sardinha, o atum…

Recado final

Os alimentos que elencamos ajudam a compor qualquer dieta saudável. Mas eles não funcionam como remédio. Por isso, e especialmente se você já tem algum problema neurológico ou psiquiátrico, sempre alinhe as recomendações com as orientações do seu médico. E nunca pare o tratamento prescrito.

* Tailise Souza é PhD em biologia molecular pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, e pesquisadora na área de envelhecimento

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