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Abstinência de café: ingerir a bebida ao acordar pode não ser o ideal

Depois de 12 horas sem a substância, consumidores frequentes podem sentir dores de cabeça, irritabilidade, fadiga e dificuldade de concentração

Por Gleison Guimarães, médico do sono*
7 nov 2023, 09h40
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Estima-se que 75% dos adultos têm o hábito de tomar um cafezinho, e quase 50% o fazem diariamente (VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Você acorda e a primeira coisa que faz é tomar uma xícara de café para aguentar o dia? Fique em alerta, pois isso pode desencadear uma síndrome de abstinência de cafeína.

Nessa situação, as pessoas sentem que precisam continuar ingerindo a bebida para aliviar os sintomas da falta do consumo. A sensação é que falta alguma coisa.

Tal efeito é constatado 12 horas após o último gole, com o surgimento de sintomas como dores de cabeça, irritabilidade, fadiga, dificuldade de concentração, entre outros.

Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), em 2022, demonstrou que a cafeína aumenta temporariamente a pressão arterial e, em doses mais altas, pode causar ansiedade e dificuldade para adormecer, se consumida no fim do dia.

Beber o superior a 1200 mg da substância, o equivalente a cerca de 4 ou 5 xícaras de café por dia, pode levar ainda à agitação, ansiedade severa, palpitações e dificuldade para regular as emoções.

Isso ocorre não só com o líquido, mas com o uso excessivo de comprimidos ou suplementos, além das bebidas energéticas.

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+ Leia também: Os supercafés e a nova onda das bebidas energéticas

Café não substitui uma boa noite de sono

É importante ressaltar que muita gente dorme mal, menos do que o ideal, tem sonolência de dia e vê na bebida uma solução rápida, só que ele não é um substituto para o sono.

Dormir pouco pode reduzir o estado de alerta, retardar o tempo de reação, atrapalhar o raciocínio e a tomada de decisão.

E o perigo nisso é entrar em um ciclo de precisar de mais café para superar o cansaço, e o excesso de cafeína afetar negativamente o sono.

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O café matinal

Quando a ingerimos ao acordar, podemos ter uma perda maior de líquidos devido ao seu efeito diurético, podendo aumentar a nossa vontade de urinar.

Outro motivo para não bebê-lo pela manhã é porque ele influencia na nossa resistência à insulina. E sabemos que níveis anormais após um pico estão associados ao aumento da sensação de fadiga.

Se você ainda preferir beber o seu cafezinho para despertar, tome cuidado para que ele não seja o primeiro alimento do seu dia, pois a liberação de cafeína se torna mais lenta. E, na primeira hora acordado, o corpo está em produção elevada de cortisol, considerado o principal hormônio do estresse.

A ingestão durante este pico ensina ao nosso organismo que ele não precisa do cortisol naquele momento, afetando este mecanismo natural do despertar.

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O melhor horário para tomar café

Prefira o consumo nos períodos em que os níveis de cortisol diminuem naturalmente. Aproveite os horários das 9h30 às 11h30, e das 13h às 15h, em que você necessita daquela força a mais para seguir o dia.

Lembre-se que o ideal é usá-la até no máximo 8 horas antes do seu horário de dormir. Essa regra é de ouro.

De acordo com a Food and Drug Administration (FDA), é recomendado o uso diário de até duas xícaras, ou cerca de 200 a 400 miligramas de cafeína, mas a quantidade pode variar de pessoa para pessoa, já que cada indivíduo tem uma tolerância diferente à substância.

Vale ressaltar ainda que a cafeína é antagonista nos receptores da adenosina, substância que se acumula no cérebro durante a vigília e aumenta a vontade de dormir.

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*Gleison Guimarães, pneumologista, especialista em medicina do sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), professor assistente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor do livro “Super sono: por que dormir mal está atrapalhando todas as áreas da sua vida – e Como Resolver Isso” (Gente)

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