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Abril Marrom: é tempo de prevenir o glaucoma e a cegueira

Uma das principais causas de perda da visão, glaucoma destrói nervo óptico, mas pode ser controlado com colírios, aplicação de laser e outros tratamentos

Por Joana de Farias e Mara Fontes, oftalmologistas*
14 abr 2022, 10h31
saúde dos olhos - abril marrom
Prevenção e controle do glaucoma exige exames periódicos, como o de fundo do olho.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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O Abril Marrom é a campanha nacional que visa conscientizar a população sobre a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento das condições oculares que podem causar cegueira. E uma das mais graves é o glaucoma, que leva à perda irreversível da visão devido ao aumento agudo ou crônico da pressão intraocular.

Imperceptível no início na maioria dos casos, essa disfunção destrói aos poucos o nervo óptico, estrutura ligada à retina que conduz o estímulo luminoso para o cérebro formar as imagens que vemos. Mas pode ser evitada ou controlada a partir da consulta ao oftalmologista, que poderá indicar utilização diária de colírios, técnica a laser e outros procedimentos, dependendo de cada situação.

Para ter ideia da magnitude do problema no país, a pesquisa Um Olhar para o Glaucoma no Brasil, do Ibope Inteligência, estima que 2 a 3% da população acima de 40 anos sofre desse mal. E quatro em cada dez brasileiros não sabem o que é a doença.

Ainda de acordo com o levantamento, pelo menos 60% dos entrevistados da classe C nunca tiveram a pressão do olho aferida, desconhecem o que é isso ou não sabem se o oftalmologista fez esse exame. Outro relatório, da The International Agency for the Prevention of Blindness, aponta que o número de pessoas com glaucoma em todo o mundo será de 111,8 milhões em 2040.

+ LEIA TAMBÉM: Como a pandemia mexeu com a nossa visão e o que podemos fazer pelos olhos?

A pressão intraocular é regulada pelo equilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso (fluido incolor que tem a função de nutrir a córnea e o cristalino) presente na câmara anterior do olho, entre a córnea (membrana fina e transparente que recobre o olho) e a íris (a área colorida). Quando há dificuldade no escoamento desse líquido por um estreito canal, a pressão intraocular sobe e ocorre o glaucoma.

Precisa haver perda de 40 a 50% das células ganglionares (neurônios cujos prolongamentos formam o nervo óptico na retina) para a pessoa ter uma alteração importante no campo visual. Daí a importância do diagnóstico precoce para conter um dano insanável.

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Em geral, a primeira opção para o controle do glaucoma é o uso de colírios. Porém, há circunstâncias em que, mesmo com esse medicamento, a pressão intraocular fica anormal. E, nesses casos, um tratamento eficaz, moderno e seguro é a trabeculoplastia seletiva (SLT, na sigla em inglês).

É uma técnica minimamente invasiva em que o oftalmologista aplica um tipo de laser no trabeculado (a área de drenagem do humor aquoso), visando melhorar o fluxo do líquido intraocular e, dessa forma, reduzir a pressão nas frágeis estruturas.

A SLT pode ser realizada nos dois olhos no mesmo dia, com anestesia local. Não há restrições às atividades no pós-laser. Com o emprego desse recurso, há situações nas quais a pressão intraocular diminui e a pessoa, provavelmente, não precisará de colírios depois.

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Dependendo da avaliação do oftalmologista, a técnica poderá ser realizada novamente em prazo de até 18 meses. Muitas vezes, o laser evita ou retarda a trabeculectomia, uma cirurgia que consiste em abrir um canal para ampliar a drenagem do humor aquoso. Casos de pressão intraocular crônica alta, mas sem comprometimento do nervo óptico, também podem ser submetidos à SLT de forma preventiva, a critério do especialista.

Outra opção no manejo do glaucoma de ângulo aberto, o tipo mais comum, nos quadros leves e moderados é o microimplante de stents (dois ou mais) nos olhos. Esse método é mais indicado quando a pressão intraocular fica instável mesmo com uso diário de colírios ou como tentativa de reduzir o número de medicamentos.

Conforme a circunstância, o oftalmologista pode pensar em outras alternativas para refrear o glaucoma, como a iridotomia. É uma possibilidade nos indivíduos com glaucoma de ângulo fechado em que se utiliza outro tipo de laser na periferia da íris.

Em quadros graves e refratários aos tratamentos mencionados, o médico pode analisar a viabilidade de implante de microválvula no olho para melhorar a drenagem do humor aquoso.

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Prevenir é sempre a melhor atitude. Então é necessário que todos façam exames oftalmológicos periódicos de pressão intraocular, do nervo óptico e do campo visual para verificar a saúde ocular. Conforme a mais recente publicação do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a prevalência de cegueira (por diversas causas) na população brasileira é calculada em mais de 1,5 milhão de casos.

A mensagem mais importante é: a maioria das alterações nos olhos tem prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Para manter a boa visão, além da consulta de rotina ao oftalmologista, é essencial praticar atividades físicas regularmente, ter sono reparador, evitar o estresse crônico, não fumar e aderir a uma alimentação balanceada. Procure cuidar da saúde, mas sem se esquecer dos seus olhos.

* Joana de Farias e Mara Fontes são oftalmologistas e especialistas em glaucoma da clínica EyeCenter Unique (Grupo Opty), no Rio de Janeiro

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