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A surpreendente evolução no tratamento da catarata

Médico explica todo o avanço na cirurgia que devolve nitidez à visão — o procedimento do gênero mais realizado no mundo hoje

Por Dr. Armando Crema, oftalmologista*
Atualizado em 15 Maio 2019, 10h07 - Publicado em 15 Maio 2019, 10h07
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  • Consequência natural da idade, a catarata é identificada quando o cristalino – uma espécie de lente natural do olho – fica opaco e duro, perdendo a transparência. Os principais sintomas vão de visão embaçada, perda de foco e dificuldade para enxergar cores com baixo contraste a uma sensação de neblina nos olhos. Surgem de maneira gradual, podendo se manifestar em diferentes intensidades e progredir de acordo com cada pessoa.

     A doença acomete, geralmente, pessoas a partir dos 60 anos de idade. Mas vale ponderar que não é somente esse público que pode ser diagnosticado com catarata. Ela chega a aparecer inclusive entre os recém-nascidos – e é identificada por meio do conhecido teste do olhinho, realizado logo após o nascimento do bebê. De maneira menos comum também ocorre entre pessoas de 40 e 50 anos devido ao excesso de exposição ao sol sem proteção, por exemplo. 

    Embora não seja possível prevenir ou lançar mão de remédios contra o problema, a boa notícia é que a catarata tem cirurgia e os resultados são excelentes. A operação é segura, rápida e eficaz. No procedimento, fazemos a substituição do cristalino por uma lente artificial intraocular, que recupera a visão até mesmo nos casos em que a doença cegou por completo o indivíduo.

    Sim, a catarata é a principal causa da cegueira reversível no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 20 milhões de pessoas cegas em função dela no mundo hoje. Até 2020, a prevalência da doença pode ultrapassar 32 milhões de pessoas.

    A cirurgia de catarata é o procedimento do gênero mais realizado no mundo dentre todas as especialidades. Metodologias, dispositivos, equipamentos e lentes intraoculares estão em constante evolução para auxiliar o cirurgião no processo e proporcionar ao paciente o melhor resultado possível.

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    História antiga e em constante progresso

    O registro mais antigo de método para remoção da catarata data de 600 antes de Cristo. Mas somente em 1747 é que aconteceria o grande marco na área: a primeira extração de catarata extracapsular com uma incisão inferior. Nessa época, não eram realizados cortes e a cicatrização se dava de forma espontânea.

    Finalmente, em 1967, o cirurgião americano Charles Kelman desenvolve a técnica de facoemulsificação, a mais utilizada atualmente, que consiste na destruição do cristalino opaco com o uso de energia ultrassônica e a aspiração dos fluidos restantes.

    Essa técnica permite que o médico retire a catarata por uma incisão minúscula (apenas 2,75 milímetros) na córnea, que também é utilizada para inserir a lente intraocular. Hoje essa lente é dobrável e permite que sua introdução seja feita sem ter de aumentar o corte. Pela rapidez do procedimento, também menos invasivo atualmente, os pacientes são liberados em geral no mesmo dia, podendo estar de volta às suas atividades habituais em pouquíssimo tempo.

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    Além disso, graças à inovação na oftalmologia – uma das áreas que mais acompanham o avanço tecnológico – já é possível escolher o tipo mais adequado de lente para cada situação, perfil e necessidade do paciente. O mercado vem buscando o aprimoramento das diferentes soluções e, atualmente, há lentes com clareza inigualável e redução de reflexos. Há também lentes intraoculares com design capaz de diminuir complicações comuns, como a opacificação da cápsula posterior, que pode tornar a visão turva ou embaçada no longo prazo.

    Outra possibilidade é aproveitar a cirurgia de catarata para corrigir problemas de visão como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia (a conhecida “vista cansada”). Para tanto, há outros diferentes tipos de lentes, o que faz com que o procedimento seja cada vez mais individualizado para melhorar a qualidade de vida do paciente.

    Imagine depois de anos usando os óculos, por exemplo, poder voltar a enxergar o mundo de forma clara novamente? Pois é isso que a cirurgia de catarata com correção de erros refrativos – como são chamados astigmatismo, miopia etc – é capaz de proporcionar. Há, inclusive, lentes intraoculares que corrigem presbiopia e astigmatismo, ao mesmo tempo em que tratam a catarata.

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    A tecnologia mudou por completo a oftalmologia. E, bem aqui, no Brasil, já é possível ter acesso ao que há de mais avançado em termos de tratamentos e dispositivos voltados à saúde ocular. Para catarata é certo que, com as últimas novidades, chegamos ao estado da arte no que diz respeito às técnicas cirúrgicas e à resolução do problema. Médicos operam melhor e mais rápido hoje. E os pacientes, com mais segurança e melhores resultados, ficam cada vez mais satisfeitos. 

    * Dr. Armando Crema é cirurgião oftalmologista, doutor em ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII)

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