Não é novidade que a amamentação traz efeitos positivos para quem amamenta e para quem mama. Nos últimos tempos, temos olhado cada vez mais para as mulheres que atravessam o puerpério – afinal, é o período de maior vulnerabilidade na vida de uma mulher.
A maternidade é um momento disruptivo, e a transição da vida sem filhos para a com filhos também envolve um processo, que alguns estudiosos têm chamado de mastrescência. Quem é mãe sabe que essa transformação não acontece de um dia para outro. É preciso tempo para se entender, construir a identidade de mãe e reconstruir a de mulher.
Pois é neste tempo em que a mulher está buscando se acertar na nova dinâmica que a amamentação acontece. Ela não chega devagar: são, em média, de 8 a 12 vezes ao dia, o que pode trazer desconfortos, dores, dúvidas e angústias.
A amamentação eficaz é associada a menos sintomas de depressão e ansiedade no pós-parto, uma sensação de autoeficácia e bem-estar. Por outro lado, os sintomas de ansiedade e depressão prejudicam a intenção e a motivação para aleitamento, e diminuem a resiliência necessária para superar desafios comuns do processo.
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A amamentação pode ser exaustiva, e é importante falarmos disso sem tabu, direto da nossa humanidade que se cansa, se frustra, tem suas próprias necessidades e está vivendo um momento de doação tão grande que, ao reconhecer essas emoções e necessidades, algumas vezes ainda é capaz de se sentir egoísta e imatura.
Para a amamentação fluir, acontece uma grande dança hormonal. A ocitocina é responsável pela ejeção de leite, e a prolactina, pela sua produção. Quando sentimos dor, cansaço extremo, tristeza e sentimentos ruins em geral, pode haver inibição da ocitocina e consequentemente prejudicar a ejeção de leite.
São dois os principais motivos para o desmame precoce: dor e percepção de baixa produção. Dessa forma, resiliência e equilíbrio emocional são os pilares para atravessar esse período inicial e desafiador.
A rede de apoio no pós-parto é fundamental para tornar a transição para a maternidade mais leve, assim como dar suporte físico e emocional. Por isso, se conhece alguém se preparando ou atravessando esse momento, esteja por perto e disponível para ser o apoio que esta pessoa precisa – não o que você acha que ela precisa. Isso, sim, é empatia.
*Cinthia Calsinski é enfermeira obstetra pela Unifeso e consultora internacional de lactação – IBCLC