Revista em Casa: Assine a partir de R$ 10,99
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

A COP30 e as feridas abertas no Pará

Brasil se posicionará como liderança socioambiental, mas descaso com percalços ambientais na cidade paraense de Barcarena podem manchar esse título

Por Ana Seleme, advogada*
5 Maio 2025, 09h14
cop-30-para-barcarena
Histórico de descaso ambiental pode manchar imagem do Brasil (Ilustração: Zansky/Veja Saúde)
Continua após publicidade

O Brasil se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, na cidade de Belém, no Pará.

O maior evento da área ambiental será realizado na Amazônia, centro de atenção de ambientalistas de todo o mundo por concentrar riquezas minerais, ampla biodiversidade e uma das maiores reservas de água doce do planeta.

É grande a expectativa de que o país saia do encontro reconhecido como uma liderança socioambiental. Afinal, quando as potências preferem adotar um discurso negacionista, sobram a nações como a nossa o espaço e o protagonismo para brilhar no cenário global.

+Leia Também: Popularizar a ciência é um dos pilares para enfrentar o negacionismo

O problema da alta expectativa é que, além desse Brasil promissor e responsável, existe outro Brasil, com um histórico de impunidade de crimes ambientais e um sistema de governança que falha justamente na hora de proteger as pessoas mais carentes e mais afetadas por desastres.

E não será preciso ir longe para conhecer esse outro país. Ele está logo ali, na cidade de Barcarena, a poucos quilômetros da capital paraense, onde a conferência das Nações Unidas irá acontecer. Pertencente à região metropolitana de Belém, Barcarena convive desde o início dos anos 2000 com inúmeros percalços ambientais e descaso dos governos e da Justiça.

Continua após a publicidade

Sim, parte considerável desses desastres foi causada por empresas estrangeiras instaladas no local. O passivo ambiental dessas companhias inclui despejo de rejeitos tóxicos, contaminação de rios e igarapés e danos irreversíveis à saúde da população local.

A comunidade ribeirinha, que vive da água e na água, em suas casas sobre palafitas, sofre e denuncia há anos os efeitos causados pela contaminação ambiental, só que nada de efetivo acontece.

+Leia Também: Qual o perigo de nadar em águas poluídas?

Relatórios de instituições de pesquisa, como o Instituto Evandro Chagas, apontam níveis de toxicidade alarmantes na população.

Continua após a publicidade

Estudos da Fiocruz, por sua vez, mostraram que moradores de Barcarena apresentavam concentrações de metais pesados no sangue muito superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O resultado não poderia ser diferente: um aumento expressivo de doenças graves, especialmente tumores gastrointestinais, leucemia e problemas renais.

O Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde, registra um crescimento superior a 600% de mortes por câncer em Barcarena entre os anos de 2000 e 2022. Esse índice está muito acima do aumento populacional, que foi de 100%.

Continua após a publicidade

Com a COP acontecendo no Pará, essa ferida aberta será inevitavelmente exposta, desafiando a legitimidade dos compromissos governamentais.

Resta saber se o evento que chamará a atenção do mundo todo servirá apenas para discursos e fotos ou finalmente será um marco na luta por justiça ambiental.

Ana Seleme é advogada, representante do Instituto dos Ribeirinhos do Pará (IRPA), fundadora da Frente em Defesa dos Atingidos pelo Rio Doce (FredaRio) e diretora da Frente Brasileira pelos Poupadores (Febrapo), na qual coordena o maior acordo coletivo do judiciário brasileiro

Continua após a publicidade

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.