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A arte conversa com a saúde?

Não tenha dúvida! Literatura, pintura e outras expressões artísticas auxiliam na participação e na compreensão do paciente diante de sua doença e tratamento

Por Paulo Cesar Souza, médico*
6 jun 2022, 10h24
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  • Você já deve ter deparado com uma obra do pintor holandês Vicent Van Gogh e se encantado com as cores vibrantes de telas como “O Girassol” ou “A noite estrelada”. Mas já parou para pensar que, em muitas expressões do artista, questões de saúde estiveram como pano de fundo para as pinceladas?

    Van Gogh conviveu com um transtorno mental até sua morte, aos 37 anos, e seus quadros falam sobre isso. Para se ter ideia, “A noite estrelada” retrata a vista da janela de um quarto da clínica psiquiátrica em que ficou internado por um ano.

    Assim como na obra de Van Gogh, a saúde é um tema constante, direta ou indiretamente, em diversas expressões artísticas. Alguns livros importantes versam a respeito, como Ensaio Sobre a Cegueira (Companhia das Letras), de José Saramago; O Amor nos Tempos do Cólera (Record), de Gabriel García Márquez; A Peste (Record), de Albert Camus; e A Morte de Ivan Ilitch (Editora 34), de Lev Tolstói.

    E é justamente para se debruçar sobre a abordagem e a complexidade da saúde em diversas áreas do conhecimento, entre elas a arte, que existem os estudos no campo das humanidades em saúde. O objetivo é ampliar o entendimento e o olhar dos profissionais para cuidar melhor de si e de seus pacientes, uma vez que nem todos os processos e causas de adoecimento são explícitos e fatores psicossociais interferem neles.

    A complexidade e a unicidade de cada ser humano fazem com que a reação a uma determinada condição de saúde seja vivida de forma particular. O sofrimento, a angústia e as expectativas são sentimentos individuais, nem sempre captados pelos profissionais de saúde, caso eles não estejam atentos e preparados para essas reações.

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    LEIA TAMBÉM: Arteterapia é usada para tratar dores crônicas

    O ensino na saúde passou, e ainda passa, por uma fase muito focada em tecnologias. Avanços técnicos na prática médica trazem vantagens, mas podem afastar os profissionais dos indivíduos que estão à sua frente e que não se limitam a um órgão doente. Tampouco essas pessoas se satisfazem com consultas breves, uma infinidade de exames e uma lista de remédios para tomar.

    A pessoa doente não pode ser considerada pelos profissionais como uma parte não essencial do problema. E o entendimento e a participação do paciente diante de sua própria doença, tratamento e recuperação são também essenciais para termos um curso clínico mais leve ou pesado.

    A mesma condição pode gerar respostas completamente diferentes dependendo de como o indivíduo a encara, e isso precisa ser contemplado num bom atendimento. A doença, não raro, está na pessoa ou em seu entorno, e os sintomas e sinais são a expressão mais aparente do sofrimento.

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    Usar a arte para gerar escuta ativa, empatia, compaixão, adaptabilidade e conhecimento ajuda os pacientes a compreender melhor pelo que passam, a comunicar-se, a lidar com a morte e a se cuidar.

    Um exemplo notório do emprego das artes na medicina é o da psiquiatra Nise da Silveira, que utilizou a pintura como forma de tratar pacientes com transtornos psíquicos. Um tratamento que vai além de uma mente e corpo adoecidos e abrange a complexidade e a riqueza do processo de adoecimento e reabilitação.

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    Pensando na necessidade desse tipo de reflexão e nos ganhos de estreitar o contato entre as humanidades e as práticas de saúde, o cirurgião carioca Ricardo Cruz visualizou a importância de proporcionar debates e experiências do gênero a médicos, enfermeiros e todo o corpo clínico hospitalar, concebendo o projeto Humanidades na Saúde, cujas sessões ocorrem há sete anos no Hospital Samaritano Botafogo.

    Há pouco mais de um ano, o Dr. Ricardo Cruz faleceu, mas seu legado segue vivo e frutífero, graças à sua viúva, Denise Cruz, e ao hospital. O projeto continua, sendo capitaneado por um grupo que ele escolheu para constituir sua “assessoria secreta”: Arnaldo Goldenberg, Daniel Tabak, Lucila Faerchtein, Margareth Dalcolmo, Roberto Cooper, Sergio Zaidhaft e Sonia Bromberger.

    Em junho deste ano, chegamos à marca extraordinária de sua 100ª edição. Um exemplo, a ser mantido e replicado, de que as práticas assistenciais em saúde só têm a ganhar quando são acompanhadas da arte e de outras manifestações do pensamento para lidar com as dores e angústias dos profissionais e dos pacientes.

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    * Paulo Cesar Souza é médico e integrante do corpo clínico do Hospital Samaritano Botafogo (RJ) e do Grupo Humanidades na Saúde

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