É possível prevenir o câncer de testículo?
Especialista expõe fatores de risco envolvidos na doença e em que medida podemos evitá-la
Diferentemente da maioria dos tumores malignos, o câncer de testículo afeta sobretudo os homens mais jovens, principalmente aqueles com idade entre 15 e 40 anos. Portanto, é esse grupo que precisa ficar atento à doença, ainda que ela também ocorra, em menor proporção, em crianças e idosos.
Em comparação com o câncer de próstata, alvo de muitas campanhas − a ponto de 95% dos brasileiros reconhecerem a importância do diagnóstico precoce, como mostra pesquisa da Omens e do Datafolha −, o tumor de testículo é bem menos falado e conhecido.
Essa é uma boa razão para ressaltar que, se for diagnosticado em fase precoce, as chances de cura ficam acima de 90%. Mas, afinal, tem como prevenir o câncer de testículo?
Sabemos que alguns dos fatores de risco não são evitáveis. Por exemplo, a doença é mais comum em pessoas de etnia branca e com histórico familiar do problema.
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Por outro lado, há fatores em que poderíamos intervir. Estudos sugerem que usuários de maconha correm maior risco. Da mesma forma, a infecção pelo HIV está associada a tumores no testículo.
Porém, o principal fator predisponente é a chamada criptorquidia − condição em que, ao nascimento, os testículos não se encontram na bolsa escrotal mas dentro do abdômen.
Existe uma tendência de que essa situação se resolva sozinha nos primeiros meses após o nascimento. Se, depois de 6 a 12 meses de idade, os testículos não descerem, é indicada a correção cirúrgica.
Quando a operação é realizada no tempo correto, o risco de desenvolver câncer no futuro fica apenas um pouco mais elevado em comparação com as pessoas que não nasceram sem criptorquidia.
Porém, se a correção é postergada por anos ou deixa de ser feita, há um aumento substancial na propensão ao tumor.
Então, sim, há medidas para diminuir o risco de um câncer no testículo. Na prática, homens jovens, sobretudo com esse histórico, devem ficar atentos a sinais como aumento no tamanho do testículo, aparecimento de nódulos, endurecimento ou desconforto na região. São sintomas que pedem uma avaliação médica.
Encorajo especialmente o autoexame, uma avaliação que o próprio homem pode fazer pelo menos uma vez por mês.
Ele deve palpar cada um dos testículos à procura de massas anormais, áreas endurecidas ou mudanças sensíveis de tamanho. Se algo estranho for notado, é hora de procurar um urologista. Como eu disse, com o diagnóstico precoce, as chances de cura são altíssimas.
* João Brunhara é urologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e diretor da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual masculina