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Você pode (ou melhor, deve) se preparar para um envelhecimento saudável. A geriatra Maisa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ensina como
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Quando o cuidador também é idoso, quem cuida de quem?

Esse dilema é típico da sociedade do século 21 – e ele precisa ser abordado para apoiarmos melhor toda a população mais velha

Por Maisa Kairalla
3 abr 2024, 16h32
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  • O que pode acontecer quando o cuidador de um idoso que precisa de suporte para suas atividades diárias é também uma pessoa idosa?

    Trata-se de uma situação que chamamos de dupla-vulnerabilidade, visto que, muitas vezes, cuidador também apresenta fragilidades – embora em menor grau do que o “indivíduo cuidado”. 

    À medida que os cuidadores exercem o seu papel, as suas atividades diárias são multiplicadas. Como resultado, eles têm de lidar com uma enorme quantidade de novas responsabilidades. 

    Entre os impactos da adoção de novas atividades, sobretudo quando há algum vínculo emocional (como no caso de familiares), podemos citar piora na saúde física, mental e até mesmo financeira. 

    Comumente, essas demandas ficam a cargo das mulheres da família. Um artigo publicado por pesquisadores espanhóis, que analisaram 19 estudos na literatura sobre o assunto, verificou que a maioria dos cuidadores eram mulheres (77%) – geralmente esposas e filhas, com idade média aproximada de 50 anos. 

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    Já o perfil dos idosos dependentes consistia em uma idade média de 72 anos e com diferentes tipos de condições de saúde: AVC, câncer, fratura de quadril, lesão cerebral, acidente, sepse e transplante. 

    Outro estudo a se destacar foi capitaneado por pesquisadores brasileiros da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Nele, os cientistas analisaram 148 pessoas acima de 60 anos que eram cuidadores de outros idosos. Nesta análise, a maioria dos cuidadores era composto por mulheres entre 60 e 86 anos.

    Analisando o ponto de vista do cuidador, podemos enxergar uma mistura de amor, culpa, preocupação, gratidão e solidão, entre tantos outros sentimentos. Essa pessoa faz de tudo para poder cuidar de alguém que está em uma situação delicada e indefesa. 

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    +Leia também: A invisibilidade e os desafios das mulheres cuidadoras no Brasil

    Entretanto, mesmo com o laço afetivo, é essencial que o cuidador tenha momentos de descanso, buscando dividir tarefas com outras pessoas e ficar atento aos sinais do próprio corpo. Do contrário, ele pode adoecer de cansaço físico ou mental, o que compromete inclusive o cuidado do indivíduo que depende dele. 

    É fundamental ter em mente que quem cuida também precisa se cuidar. Por isso, compartilho aqui algumas dicas de autocuidado:

    1. Evite o isolamento e não perca a sua vida social.
    2. Siga com seus hobbies: leia, pratique atividades físicas, vá ao cinema, faça uma caminhada…
    3. Divida as tarefas de cuidador com outra pessoa, profissional ou não, e planeje suas folgas para descansar. Aceite ajuda!
    4. Estipule limites nas atividades e saiba dizer “não” a exigências dispensáveis da pessoa que está sendo cuidada.
    5. Dê uma atenção redobrada para o corpo, e fique atento a sinais de exaustão, estresse, mudanças bruscas de humor, problemas de memória e dificuldade de concentração, entre outros.
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    Lembre-se que, nessa caminhada, você não precisa estar sozinho. Busque apoio de familiares, amigos e profissionais. Essa pode ser mesmo uma jornada exaustiva, e não há porque negarmos isso. 

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