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O cirurgião e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein levanta e debate as tendências e os desafios que interferem em nosso dia a dia e na saúde pública do país
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O agravamento das outras doenças: efeito perverso do medo da Covid-19

Estreando sua coluna em VEJA SAÚDE, presidente do Einstein chama a atenção para o perigo de negligenciar consultas e exames para outras doenças na pandemia

Por Sidney Klajner
23 ago 2021, 16h00
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  • O receio de se infectar pelo novo coronavírus tem, evidentemente, um lado positivo: leva a pessoa a ser rigorosa na adoção das medidas de prevenção. Mas, quando esse medo faz com que essa mesma pessoa deixe de ir ao médico ou ao hospital ou de realizar exames de rotina, as consequências podem ser graves. E a razão é simples: as outras doenças não deixam de existir por causa da Covid-19.

    Os sinais de alerta sobre esse fenômeno vieram logo no começo da pandemia, quando um levantamento em Nova York, nos Estados Unidos, mostrou que o número de mortes em casa por infarto tinha aumentado oito vezes. Embora não tenhamos estudos semelhantes no Brasil, basta conversar com médicos ou observar os casos que chegam aos prontos-socorros para constatar os reflexos nefastos gerados pela opção de postergar consultas, exames, cirurgias e, às vezes, até a ida a um serviço de emergência.

    No pronto-atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o nível de gravidade dos casos se elevou significativamente durante a pandemia — ou porque o paciente, mesmo com sintomas agudos, retardou a busca por assistência ou porque adiou o cuidado com doenças crônicas que acabaram evoluindo para um quadro de emergência.

    Mesmo procedimentos eletivos não podem ser postergados indefinidamente — não raro, isso significa trocar uma intervenção simples por uma mais complexa. Um exemplo ocorreu recentemente com uma paciente minha. Ela estava com cálculos na vesícula, mas preferiu esperar a pandemia acalmar.

    Acabou com uma internação de urgência num sábado à noite porque o cálculo migrou para o pâncreas. Ela está ótima, porém o que teria sido um procedimento menos invasivo, com alta em 12 horas, virou uma operação de maior complexidade, com uma semana de internação.

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    Cânceres descobertos em fases mais adiantadas; infartos resultantes da falta de tratamento da hipertensão, da obesidade, do diabetes e de outras condições crônicas; problemas ortopédicos que acabam em cirurgia porque passou o tempo em que poderiam ser resolvidos com um tratamento conservador… Inúmeros exemplos podem ser adicionados à lista.

    Nem as crianças estão a salvo. Doenças infecciosas espreitam os pequenos que estão com as vacinas atrasadas, e problemas de desenvolvimento e crescimento deixam de ser diagnosticados e tratados adequadamente.

    Adiar cuidados de saúde significa correr perigos desnecessários. Só que é fundamental buscá-los em instituições que se prepararam para lidar com os desafios da pandemia, ao adotar fluxos separados para pacientes com e sem Covid-19 (incluindo salas cirúrgicas, UTI e setores de internação distintos), testes RT-PCR antes de internações e cirurgias, higienização dos equipamentos e ambientes, intervalos maiores entre consultas e exames, e demais medidas de segurança.

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    Mais cedo ou mais tarde a pandemia vai passar, mas a saúde não pode esperar!

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