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Esse é o blog de Patricia Julianelli, jornalista especialista em nutrição, esporte e qualidade de vida, além de apaixonada por comida e corrida de rua. Ela é autora do livro "Boca Livre - Comida e Boa Forma com Prazer e sem Neura" e apresentadora do quadro "Saúde em Movimento", da rádio CBN
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Bons hábitos alimentares, uma herança de pais para filho

Cultura, caráter, resiliência, inteligência emocional... tudo é válido. Mas que tal investir desde já no comportamento dele à mesa?

Por Patricia Julianelli
Atualizado em 3 jul 2024, 10h25 - Publicado em 3 jul 2024, 10h23
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  • Quando a gente tem um filho, pode deixar alguns tipos de herança para ele. A genética, a gente não escolhe. A patrimonial, pouca gente tem condições de deixar. Mas todos podem deixar experiência e conhecimento. Na minha opinião, essas são, de longe, a herança mais valiosa.

    Lá atrás, quando conversava com o pai do meu filho, ele disse, de maneira bastante despretensiosa: “Eu só queria deixar uma pessoa bacana no mundo. Alguém que fosse melhor que eu”. Nossa, que baita desafio… Uma evolução da espécie, no sentido mais concreto do termo.

    A verdade é que a gente não tem o menor controle sobre isso. Até porque uma criança sofre muitas influências. Dos pais, familiares, amigos, conhecidos, criadores de conteúdo (ai, meu Deus…). Mas o que podemos plantar ali, na esperança de que eles colham frutos no futuro?

    + Leia também: 9 dicas para as crianças comerem bem

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    Dentre as sementinhas que temos plantado, uma me deixa especialmente orgulhosa. Felipe é um experimentador. Ele se joga mesmo, em tudo. Mas aqui eu me refiro especificamente à comida. Desde pequeno, ele já abria o bocão para qualquer novidade.

    E isso porque, desde muito pequeno, bebezinho mesmo, ele foi apresentado a uma infinidade de sabores e texturas. E era delicioso ver aquele serzinho fazendo caras e bocas ao experimentar coisas novas.

    Estava claro para mim que meu papel ali era o de facilitadora. Não estava no escopo emitir opinião ou julgamento. E assim foi ele navegando entre brócolis, vagens e beterrabas, batatas, mandiocas e mandioquinhas, morangos, mangas e abacates, arrozes, feijões e lentilhas.

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    Tinha alimento cru, cozido, assado, refogado, grelhado, empapado, queimado (quem nunca?). Duro, macio, crocante, fofinho. Salgado, amargo, azedo, doce. Inteiro, em pedaços, com a mão ou com o garfo.

    Aqui em casa nunca teve essa história de limpar o prato, e muito menos de recompensa para isso. Nosso papel era colocar na mesa comida de qualidade e diversa — a quantidade, ele que decidia.

    Pode parecer algo trivial, sem importância, mas ensinar uma criança a comer até se sentir satisfeita, respeitando os sinais da fome e da saciedade, é uma das maiores provas de amor que você pode dar a ela.

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    Felipe aprendeu bem a lição. Tão bem que, às vezes, quando quer terminar logo para poder brincar, manda um “Já estou satisfeito, mamãe, respeita a minha fome”. Nesses casos, de claro flagrante de tentativa de ludibriar a mãe, a conversa muda de rumo.

    Hoje, prestes a completar 10 anos, ele já entende que não existem alimentos proibidos, e que o mais importante é um padrão alimentar bacana, que privilegie alimentos naturais, integrais, nutritivos.

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    E sabe uma das coisas mais legais desse processo? Quando ele passou a se interessar também por creme de avelã, chocolate, donuts e outras delícias açucaradas, não perdeu o interesse por uva, maçã, morango, carambola.

    E quando come doce, saboreia sem ansiedade nem pressa. Curte o momento, aproveita. E sabe que tá tudo bem. Porque na maior parte do tempo, a gente privilegia o que faz bem para a saúde.

    Felipe, meu amor, que você siga um desbravador de sabores e sensações. Que siga arregalando os olhos diante de uma novidade. Esfregando uma mão na outra antes da primeira mordida.

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    Espero que siga experimentando e descobrindo o que te faz bem. O que mexe com seus sentidos, o que te faz vibrar, te deixa com energia, te transporta para o colinho da mamãe. E isso vale para comida e para a vida.

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