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Comer é muito mais do que ingerir nutrientes. Na receita de uma alimentação equilibrada, também há ingredientes comportamentais, emocionais, culturais e ambientais, como mostra a nutricionista Lara Natacci

Quer cuidar da dieta e do ambiente? Priorize frutas e hortaliças nativas

Os seis biomas brasileiros oferecem uma riqueza de alimentos saudáveis, e cujo consumo ajuda a preservar o ecossistema

Por Lara Natacci e Alex Feitoza
Atualizado em 14 fev 2024, 14h56 - Publicado em 13 fev 2024, 08h43
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Valorizar os vegetais é fundamental! (Ilustração: Julia Lopes/Veja Saúde)
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A valorização de frutas, legumes, verduras e plantas alimentícias não convencionais (PANCs) dos biomas brasileiros traz uma porção de benefícios não só à saúde de cada um de nós. Estamos falando em vantagens do ponto de vistada sustentabilidade econômica e ambiental.

Pense na riqueza que pode ser usufruída em nosso território, onde se concentra a maior biodiversidade do planeta. São seis biomas distintos — Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal —, cada um caracterizado por sua fauna e fora específicas. A variedade de espécies vegetais e animais se deve, em parte, à abundância de recursos naturais, como a água doce.

A bacia hidrográfica amazônica, formada pelo Rio Amazonas e seus afluentes, é uma das maiores reservas do mundo. Mais ao sul, na área que abrange o estado de São Paulo, destacam-se os trechos de Mata Atlântica e Cerrado, cujas contribuições para a produção alimentar também são significativas.

A Mata Atlântica, por exemplo, é responsável por fornecer cerca de 50% dos alimentos ingeridos no Brasil, incluindo itens como maçã, banana, jabuticaba, pinhão e feijão-preto, entre outros. Além desses alimentos mais conhecidos, ela abriga uma imensidão de produtos menos explorados para consumo, como cambuci, uvaia, palmito-jussara, taioba, grumixama, ora-pro-nóbis e beldroega.

Por sua vez, o Cerrado oferece uma gama diversificada de alimentos, tais como cajuzinho-do-cerrado, pequi, araticum, murici, baru, buriti, babaçu, bacuri, gabiroba, cagaita, mangaba, puçá, araçá, jatobá, chichá e pitomba.

Esse tesouro biológico contribui para a segurança alimentar das comunidades e nos convida a rever práticas agrícolas baseadas em desmatamento e importação de culturas de outros países — ainda que elas tenham sua relevância.

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A diversidade nutricional das nossas frutas, legumes e verduras garante um leque de substâncias essenciais, como vitaminas, minerais e fbras, promotoras de uma dieta balanceada e proveitosa à saúde física e mental. Muitos desses alimentos contêm quantidades signifcativas de compostos bioativos e antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres e o envelhecimento precoce, além de prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão.

Podemos citar algumas frutas nativas, caso de acerola, açaí, baru, buriti, goiaba, jabuticaba, juçara e maracujá, fontes de primeira de
fbras solúveis e insolúveis e de uma série de compostos fenólicos, substâncias que, ao interferir na microbiota intestinal e resguardar nossas células, diminuem nossa exposição aos problemas crônicos de saúde.

Essa ação intermediada pela comunidade de micro-organismos do aparelho digestivo engloba a modulação da absorção de calorias, do metabolismo de certos nutrientes e dos sistemas imunológico e hormonal, uma complexa rede que, ao fnal, reduz a infamação a que nosso corpo está sujeito.

Tais compostos promovem alterações na composição da microbiota e aumentam a produção de ácidos graxos de cadeia curta e metabólitos fenólicos, moléculas que melhoram a integridade intestinal. Estudos indicam que as frutas nativas são particularmente bem-vindas nesse sentido, com componentes e subprodutos formados no organismo que, por meio desse efeito na microbiota, nos protegem da obesidade e de outras doenças crônicas prevalentes.

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Além disso, ao priorizarmos a ingestão de frutas, legumes, verduras e PANCs do país, contribuímos para a preservação da biodiversidade, incentivando o cultivo e o consumo de espécies locais com menor uso de agrotóxicos, pois elas já se encontram mais bem adaptadas ao ambiente, requerendo menor uso de pesticidas e fertilizantes.

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A proteção do nosso patrimônio biológico e alimentar ainda é um meio de conservar a diversidade genética e os recursos que poderão ser determinantes para suprir a falta de comida no mundo, temor que ganha escala com as mudanças climáticas e o aquecimento global.

As vantagens ambientais incluem também a redução da pegada de carbono. Isso porque, quando consumimos alimentos  locais e sazonais, diminuímos a necessidade de transporte de longa distância e da queima de combustíveis fósseis que permitem aos veículos distribuir os produtos pelo Brasil. Soma-se a isso a preservação dos recursos hídricos, já que o cultivo de variedades nativas e adaptadas demanda, em geral, menos água em comparação com o que é exigido diante de espécies exóticas.

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Fora isso, privilegiar os itens da região frequentemente resulta numa menor geração de resíduos, com menos embalagens e desperdício de comida. Por fim, há de se destacar a melhoria da qualidade do próprio solo, porque as práticas agrícolas sustentáveis, que envolvem respeito à terra e rotação de culturas, evitam a destruição do manto natural e promovem o crescimento das plantas sem a necessidade de produtos químicos.

+Leia também: Vegetarianismo e veganismo: como equilibrar a alimentação

Todos esses fatores, por sua vez, nos conduzem a vantagens econômicas. Quando pensamos que esses alimentos são produzidos sobretudo pelo sistema de agricultura familiar e distribuídos principalmente entre o mercado local, percebemos que, ao comprá-los, estimulamos o desenvolvimento dessas comunidades e agregamos valor à sua produção.

Em resumo, valorizar frutas, legumes, verduras e PANCs de matriz brasileira é uma escolha que vai além dos benefícios individuais, impactando positivamente a saúde coletiva, a economia e o meio ambiente. Hoje já não podemos mais falar em alimentação equilibrada sem refetir sobre as suas repercussões na natureza e no planeta como um todo.

Essa abordagem sustentável é crucial para promover sistemas alimentares mais resilientes e equitativos. Sistemas que permitam levar comida de qualidade ao maior número de cidadãos sem desrespeitar o ambiente que nos nutre e acolhe.

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*Lara Natacci é nutricionista, Ph.D. pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Alex Feitoza é nutricionista e mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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