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Alimente-se

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Comer é muito mais do que ingerir nutrientes. Na receita de uma alimentação equilibrada, também há ingredientes comportamentais, emocionais, culturais e ambientais, como mostra a nutricionista Lara Natacci
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Comfort food, ou comida confortante: ela tem seu espaço, mas sem exageros

Não tem problema comer pudim porque ele lembra a casa da avó. Mas a comida que conforta não pode virar muleta para lidar com sentimentos que fazem sofrer

Por Lara Natacci
25 dez 2021, 11h20
comida gostosa
Comidas que lembram momentos felizes, como o pudim da avó, têm espaço na dieta. Mas é preciso moderação. (Foto: Atikah Akhtar/Unsplash/Divulgação)
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Final de ano costuma ser a época em que ficamos mais sentimentais e sensíveis. E vamos combinar que os momentos atuais estão particularmente desafiadores… A comida, muitas vezes, acaba virando um acalento frente a emoções que nem sempre são positivas.

Aquela cena clássica do cinema em que a mocinha, em lágrimas, se atraca com um pote de sorvete para se sentir acolhida em um momento triste é o retrato fiel da utilização da comida muito além da nutrição.

Comfort food, ou comida confortante, é um termo que está relacionado a esse conforto emocional e à sensação de prazer gerada a partir do consumo de alguns alimentos.

Nossas escolhas à mesa podem estar diretamente ligadas aos costumes familiares e culturais e também com questões emocionais ligadas a um determinado alimento ou receita. Essa comida pode te fazer recordar episódios de felicidade, trazendo aquela sensação tão desejada de calma e tranquilidade.

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Normalmente, para algumas pessoas, as preparações reconfortantes remetem a eventos entre família e amigos, contribuindo para um sentimento nostálgico.

A torta de maçã clássica da avó, o ensopado da mãe ou até mesmo a limonada que só o seu pai sabe fazer são exemplos de alimentos capazes de gerar um certo conforto psicológico e físico. Assim como itens ricos em açúcar, gorduras e calorias: uma pizza com bastante queijo, uma barra de chocolate, um hambúrguer completo ou um pote de sorvete com bastante calda.

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Alguns estudos estabelecem quatro categorias para as comfort foods:

  • Comidas nostálgicas: aquelas relacionadas a um período ou lugar significativo na sua história.
  • Comidas de indulgência: são capazes de despertar esse sentimento. O prazer obtido pelo alimento é priorizado, podendo gerar uma sensação de culpa após o consumo.
  • Comidas de conveniência: de fácil preparação ou obtenção. Exemplos: produtos congelados e fast foods.
  • Comidas de conforto físico: aquelas cuja sua composição gera sensação de prazer, bem-estar.

Não tem problema, vez ou outra, se entregar a um prato porque ele remete a boas memórias. Afinal, vale reforçar: ninguém come só para obter nutrientes.

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Só que a história começa a ficar mais complexa quando a busca por comida se transforma em uma maneira de abafar situações que fazem a gente sofrer.

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O alívio do desconforto emocional pode até acontecer, mas momentaneamente. Na maioria das vezes, depois do prazer, vem sentimento de culpa, raiva, tristeza e uma maior instabilidade emocional. Vira, assim, um círculo vicioso.

Se você acha que, em algumas ocasiões, come em função de emoções, e não por necessidade orgânica, vale a pena traçar algumas estratégias para que isso não aconteça frequentemente.

Uma forma simples é fazer uma lista de atividades a serem realizadas nesses momentos, de acordo com seu estado emocional. Caso sinta-se sozinho, poderá ligar ou visitar um amigo, por exemplo.

Outras ideias incluem ouvir música, dar uma volta, brincar com uma criança ou animal de estimação, ler um livro e tomar um banho relaxante.

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Cada pessoa tem suas preferências, então você deve fazer uma lista das atividades que julga mais prazerosas. Na hora da busca por alimentos, selecione uma das opções da lista. Se não houver necessidade orgânica de comida, a percepção de fome vai passar.

Agora, vamos falar de mais duas coisas que devem ser trabalhadas para melhorar a relação com a comida.

Você sabia que a própria restrição alimentar pode ser um motivo de estresse e, por isso, agravar esse desejo de comer por problemas emocionais?

A verdade é que dieta restritiva não pode ser mantida por longo prazo: o organismo não aguenta. Ela deixa a gente de mau humor, ansioso e com uma fissura para comer justamente o que é mais gorduroso ou cheio de açúcar. Daí porque é importante comer direito, sem proibições.

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E nada de comportamento compensatório. Sabe aquele raciocínio: “Como hoje eu comi demais no almoço, vou comer tudo o que tenho direito até à noite e, amanhã, recomeço o regime”? Não funciona! Isso só confunde nosso metabolismo, associando períodos de fartura com fases de restrição.

Exagerou em uma refeição? Sem problemas! Às vezes a gente faz isso mesmo – todo mundo come um pouco a mais em um dia.

Se sua alimentação for regular na maioria das vezes, não há motivo para preocupação. Simplesmente retome sua dieta adequada e a prática rotineira de atividade física. Tudo seguirá nos eixos.

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