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Por que devemos falar mais sobre a saúde mental das mulheres

Prevenção ao sofrimento psicológico precisa fazer parte dos cuidados com a saúde delas. Problemas mentais e emocionais se acentuaram após a Covid-19

Por Maria Fernanda Quartiero e Luciana Barrancos, do Instituto Cactus*
21 jul 2021, 10h15
ilustração de mulher caminhando triste com guarda-chuva
Sintomas de estresse, ansiedade e depressão são prevalentes na população feminina, ainda mais com a pandemia.  (Ilustração: William Santiago/SAÚDE é Vital)
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Agentes de mudança social, as mulheres são referências dentro de seus núcleos familiares e representam parte fundamental da força de trabalho na educação e na atenção básica à saúde. No tocante a diversas áreas da saúde, elas também são foco de grandes campanhas de prevenção, voltadas principalmente para o câncer de mama, o câncer de colo de útero, as infecções pelo HPV… Mas por que não inserir nesse rol os cuidados com a saúde mental?

Algumas estatísticas refletem a realidade e o sofrimento de grande parte das mulheres. De acordo com a Mental Health Foundation, um estudo realizado em 2016 no Reino Unido evidenciou que uma em cada cinco mulheres de 16 a 25 anos apresentava algum problema psicológico, com relatos de automutilação e casos de suicídio.

No contexto nacional, uma pesquisa conduzida entre maio e junho de 2020 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP mostrou que, durante a pandemia da Covid-19, as mulheres foram as mais afetadas psicologicamente, apresentando 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.

Nessa discussão, precisamos adotar um olhar que vai além da perspectiva biológica e considerar as condições de gênero, que sobrecarregam e impactam a saúde mental, implicando diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos de sofrimento psicológico.

Além do perfil multitarefa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que consequências negativas podem se associar a violências domésticas e reprodutivas, desvantagem socioeconômica, educacional e em termos de oportunidades no mercado de trabalho, status social baixo ou subordinado, responsabilidade incessante pelo cuidado de outras pessoas, padrões irreais de estética, entre outros. Os obstáculos são ainda maiores para mulheres negras e periféricas, submetidas a outros contextos de discriminação.

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Tais dados evidenciam a necessidade de fortalecermos a conscientização individual e coletiva sobre a importância da prevenção ao sofrimento psíquicos entre as mulheres. Um primeiro passo para edificar essas iniciativas de informação é o levantamento Caminhos em Saúde Mental, feito pelo Instituto Cactus, em parceria com o Instituto Veredas.

Esse trabalho promove um apanhado sobre os principais consensos nacionais e internacionais em saúde mental, bem como um resgate histórico do tema no país. Por meio de um olhar dedicado a grupos negligenciados, como mulheres e adolescentes, o material convida à construção de estratégias e políticas públicas de atuação em esforços conjuntos de governos, academia, setores de saúde e assistência, além da sociedade civil.

Vamos amplificar o debate sobre saúde mental e normalizar a conversa sobre o tema, pavimentando o olhar e o investimento na área e atuando preventivamente no cuidado com a saúde mental da mulher?

* Maria Fernanda Quartiero é diretora-presidente do Instituto Cactus, e Luciana Barrancos é gerente executiva da mesma entidade voltada à saúde mental

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