Dia das Mães: Assine a partir de 10,99/mês
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde

Não se trata a obesidade sozinho! É preciso envolver quem está ao redor

Médico destaca a importância de recrutar o ecossistema em que a pessoa está inserida para vencer a solidão e lidar com o controle do peso

Por Felipe Koleski, cirurgião bariátrico*
Atualizado em 11 ago 2021, 18h12 - Publicado em 10 ago 2021, 10h00
perder peso
Tratamento da obesidade é multidisciplinar e tem mais êxito quando há engajamento da família e a ausência de preconceito. (Ilustração: Ana Matsusaki/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

No meu livro Histórias de Peso – A Obesidade Como Ela É (Vigia Editora), falo sobre um aspecto pouco abordado da obesidade: a solidão. Pessoas acima do peso não raro se sentem sozinhas. E isso se manifesta de várias maneiras.

Nem sempre percebemos, mas isolar no grupo social quem tem obesidade é um comportamento comum. A criança não é convidada para brincar ou jogar, o adolescente fica sem dançar na festa, o adulto só é legal se for alegre ou engraçado. São manifestações de um tipo de preconceito que chamamos de gordofobia.

Felizmente, hoje vejo um esforço para mudar isso na escola, nas empresas e até na mídia ao abrir um espaço como este.

Mas a solidão também está dentro de casa: ao fazer o tratamento da obesidade, é comum a pessoa sentir falta de apoio familiar. O paciente encara o plano alimentar ou a rotina pós-cirurgia bariátrica sozinho, enquanto os demais integrantes da família não renunciam à pizza, ao churrasco e à sobremesa.

Outras vezes, a pessoa se torna refém de um relacionamento abusivo. Relato no livro casos de pacientes que decidiram se separar após o tratamento, pois, junto com a saúde, recuperaram a autoestima.

Continua após a publicidade

+ Leia também: Novos rumos para a perda de peso

É preciso esclarecer, antes de tudo, que a obesidade não é uma escolha nem resultado do desleixo com o próprio corpo, como imaginam alguns. Trata-se de uma realidade para quatro em cada dez brasileiros, segundo o IBGE.

O ganho de peso é desencadeado por fatores como genética, ansiedade, estresse, cultura alimentar, uso de medicamentos e até baques emocionais. Não existe uma causa só: a obesidade é multifatorial. Adicionem-se uma vida sedentária e a superoferta de junk food, a comida com muita caloria e poucos nutrientes, e a equação está formada.

É necessário dizer, ainda, que ninguém precisa ser magro por imposição de um padrão longilíneo de beleza. Cada corpo tem a sua constituição própria, e, como médico, afirmo que a saúde é o essencial.

Continua após a publicidade

Na abordagem da obesidade, o que precisa ser levado em conta é a qualidade de vida do paciente e o risco de doenças ligadas à gordura corporal, como diabetes, hipertensão e mais de 30 tipos de câncer. Sempre insisto: ser obeso não é defeito e ser magro não é qualidade.

Mas o que quero destacar aqui é que precisamos atacar a solidão também no tratamento da obesidade. Em primeiro lugar, porque é um caso para endocrinologista, nutrólogo, psicólogo, nutricionista, profissional de educação física e, quando necessário, cirurgião bariátrico e plástico. Todos juntos. Desconfie quando alguém oferecer sozinho o tratamento da obesidade, pois ele é multidisciplinar.

E, principalmente, porque não se cuida apenas de um paciente, mas de um ambiente. O ecossistema ao redor da pessoa precisa participar: companheiro, companheira, filhos, pais, avós, amigos, escola, colegas de trabalho, todo mundo. Até os programas de fim de semana, os vídeos assistidos no YouTube e os perfis seguidos nas redes sociais, tudo isso é recomendável readaptar para tirar o protagonismo da comida.

Continua após a publicidade

Quando fiz a minha cirurgia bariátrica, recebi manifestações de carinho materializadas nos caldos preparados pela minha mulher e pelo meu pai e até na proposta dos meus filhos para mudar a ceia de Natal da casa inteira, já que fui operado perto das festas de fim de ano. Não podemos jogar nas costas do paciente o peso de encarar sozinho o tratamento da obesidade. A chance de sucesso aumenta quando o engajamento é de todos.

* Felipe Koleski é cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e autor do livro Histórias de Peso – A Obesidade como Ela É (Vigia Editora)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.