Quando o amor se torna uma doença
Esse sentimento pode ganhar contornos de obsessão e, assim, afetar tanto a saúde mental como a física e até financeira
“Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido”, aconselhou o poeta brasileiro Vinicius de Moraes. Mas a verdade é que o sentimento pode ter efeito oposto. Segundo a psicóloga Andrea Lorena da Costa Stravogiannis, da Universidade de São Paulo (USP), o amor passa a ser considerado patológico no momento em que traz prejuízos para as pessoas que o sentem. “Quando se abandona amigos, familiares e outros interesses para dedicar-se somente ao relacionamento, dá para dizer que estamos diante de uma doença”, comenta a especialista.
O ciúmes é outra marca registrada nessa equação. “O ciumento patológico parece uma bomba relógio, prestes a explodir a qualquer hora”, observa Lorena. Praticamente todo comportamento do parceiro acaba sendo interpretado como um sinal de infidelidade. Por isso, gasta-se muito tempo pensando em pistas e meios para descobrir uma suposta traição. Todo esse combo, como não poderia deixar de ser, atrapalha o bem-estar. Há pessoas que chegam a relatar que o companheiro é a sua “droga”. A distância causa crise de abstinência, marcada por sintomas como sudorese, aumento dos batimentos cardíacos e alterações do sono e apetite.
Até o bolso sofre. Afinal, é comum ver o indivíduo que sofre de amor patológico gastando mais do que pode para tentar agradar o outro – às vezes, ele também deixa de pagar suas contas de casa para arcar com os custos do parceiro. Se você se identificou com os sinais desse afeto desmedido (ou é objeto dele), saiba que tem tratamento. O mais comum é a psicoterapia, mas, em alguns casos, pode ser necessário usar medicação. O crucial mesmo é buscar ajuda para conviver em paz com esse sentimento.