Quem pretende fazer uma tatuagem deve pensar duas vezes antes de decidir qual parte do corpo receberá o desenho. A região do tríceps — o famoso músculo do tchau —, a coxa, a mão, o quadril e a barriga são menos adequados porque correm mais risco de acumular gordura com a idade e de apresentar flacidez. Aí a pele estica, franze e o contorno da tatuagem vai para o espaço, a ponto de o desenho ficar irreconhecível.
Tem mais: antes se submeter às agulhas (descartáveis, claro!) do tatuador, assegure-se de que a saúde da sua pele está em dia. Óbvio que não dá para marcar a sessão se, naquela semana, você estiver com um machucado, por menor que seja. A técnica é invasiva e pode complicar qualquer cicatrização. Pelo mesmo motivo, portadores de doenças crônicas como o diabetes, que podem afetar a recuperação da pele, precisam conversar com seu médico antes de mais nada.
A escolha do desenho também merece cuidado. Ora, a tatuagem serviria para marcar um momento importante da vida. É um jeito de carregar consigo algo próprio, particular. Só que muitas vezes acontece o inverso. Hoje, a tatuagem faz parte da febre do consumismo. Ironicamente, muita gente se tatua para ficar igual aos outros, e não mais para se diferenciar.
Quando a tattoo leva as cores do modismo, a chance de o desenho não ter significado especial é enorme — e a do arrependimento aparecer, idem. E atenção: nem sempre o laser, usado nos tratamentos para apagar as marcas do passado, consegue fazer esse serviço direito.
Certas cores, como o verde e o vermelho, são dificílimas de ser retiradas, diferentemente do preto, que, com poucas sessões, pode ir embora ligeiro, sobretudo se as linhas forem fininhas. E, se for para se arrepender, que se arrependa depressa. Quanto mais antiga a tatuagem, mais complicada sua remoção. Com o tempo, o pigmento vai se deslocando para camadas mais profundas da pele.
Depois de escolher a parte do corpo e refletir sobre o desenho, é hora de procurar um estúdio. Repare nas condições de higiene. O piso do estúdio deve ser lavável e os utensílios, desinfetados em autoclave, um aparelho que usa vapor com pressão e temperatura elevadas para uma esterilização. Do contrário, o risco de a pele infeccionar sobe bastante.
A tatuagem fica protegida por um curativo, que pode ser retirado após três horas. Daí em diante, é só passar uma pomada cicatrizante por uma semana, mais ou menos. Enquanto as casquinhas não caírem, é proibido entrar no mar para evitar contaminações, ou fazer sauna, porque o calor pode retardar a cicatrização. Mais: durante esse tempo, nada de se banhar em piscinas tratadas com cloro, pois a substância costuma reagir com a tinta.
O sol é um caso à parte. Por mais tempo que tenha a tatuagem, toda vez que for se expor aos raios UV, passe um filtro com fator de proteção alto.
Fontes: Luciana Scattone, dermatologista; Sandra Dias, psicanalista, e Sergio Pisani, tatuador. Todos foram ouvidos para uma matéria da revista SAÚDE, publicada originalmente em 2008.