Ler rótulo não é hábito por aqui
Nem quem já apresenta problemas de saúde tem a prática de vistoriar as informações na embalagem
Praticamente 90% dos pacientes encaminhados ao Ambulatório de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, são obesos. Além disso, costumam sofrer distúrbios metabólicos, como colesterol elevado, pressão alta, diabete… Mesmo assim, um estudo com 330 pacientes da instituição revelou que 62,2% deles não têm o cuidado de ler os rótulos dos alimentos. Conduzida pela nutricionista Aline Santos Monteiro, a investigação foi apresentada recentemente no congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. “Se quem já tem doença e precisa se preocupar não lê, imagina entre a população saudável”, raciocina a nutricionista Cristiane Kovacs, orientadora da pesquisa. Para ela, fatores como tamanho da letra e falta de clareza favorecem a preocupante situação.
No que prestar atenção (ou não)
Calorias: só importam se a meta é perder peso. O melhor é focar nos nutrientes.
Gordura saturada: o alimento não deve ter mais de 3 gramas por porção. O excesso faz mal.
Gordura trans: é nociva à saúde. Certifique-se de que não está na lista de ingredientes.
Sódio: se a porção somar mais de 400 miligramas, cuidado! Há um exagero do mineral.
Fibras: pode ficar feliz caso o alimento tenha mais de 15% do valor diário (VD) da substância.
O mistério da lista
Dos pacientes entrevistados, 76,7% disseram não conhecer a lista de ingredientes. “É um número bem alto. Até porque é ela que realmente indica o que o alimento tem”, analisa Cristiane. A lista é ordenada de forma decrescente. Ou seja, os primeiros itens aparecem em maior quantidade na comida.