Para avaliar o impacto da incontinência urinária na vida sexual das mulheres – o grupo mais atingido pela condição – a fisioterapeuta Mariana Rhein Felippe recrutou 356 voluntárias com idades entre 30 e 80 anos para uma pesquisa no Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Do total de participantes, 243 tinham a encrenca. Depois de submetê-las a questionários, exames e avaliações clínicas, a expert descobriu que 53% das que tinham dificuldade de reter xixi também apresentavam disfunção sexual.
Ao serem questionadas sobre sua qualidade de vida, 10% relataram que era ruim. Por outro lado, no grupo de mulheres sem incontinência, esses números foram de 29% e 3,9%, respectivamente. No trabalho, foram verificados diversos aspectos associados à sexualidade, como desejo, satisfação sexual e conforto. “Em todos os parâmetros estudados, os resultados foram piores nas mulheres com incontinência”, contou Fernando Almeida, coordenador do Ambulatório de Disfunção Miccional do Hospital São Paulo e orientador da pesquisa.
A boa notícia é que dá para amenizar o desconforto. Segundo Mariana, o tratamento é eficaz em 90% dos casos – ele é baseado principalmente em fortalecimento da região pélvica com fisioterapia, medicamentos e mudanças comportamentais. O grande empecilho para que as mulheres busquem ajuda é a vergonha — às vezes, o constrangimento faz com que elas demorem dez anos para buscar ajuda. Então fica o recado: a incontinência tem, sim, solução. E ela pode ser bem mais simples do que se imagina.