Hepatite A: proteja o seu filho desta doença
Ainda tem muita criança (e adulstos) pegando o vírus da hepatite A. Veja como se precaver dessa doença
À beira-mar as crianças se divertem. Aí vem a sede. A barraca da praia oferece refrigerante e um copo cheio de gelo para refrescar ainda mais a bebida sob o sol. E tem ainda aquelas pedrinhas no balde de cerveja do pai – a tentação é colocá-las na boca, uma delícia no calor… Mas o vírus da hepatite A se esconde tanto na água doce quanto na salgada. Ou seja, pode estar naquelas gotas engolidas sem querer em um mergulho no mar poluído por esgotos não tratados ou no gelo feito com água de uma fonte contaminada.
Uma vez dentro do corpo, o vírus logo se instala no fígado, onde indiretamente faz alguns estragos. As vítimas mais frequentes são crianças entre 5 e 9 anos – talvez porque sejam velhas demais para um adulto ficar em cima o tempo inteiro e novas demais para serem tão preocupadas com higiene. A doença é mais avassaladora, porém, nos adolescentes.
A princípio não haveria motivo para preocupações. Ora, existe vacina para a hepatite A. Mas a questão é que ela não faz parte do calendário oficial de imunização determinado pelo Ministério da Saúde. Muita gente fica sem acesso, por ter de pagar. E outros, mesmo frequentando clínicas particulares, nem sabem da sua existência.
Quanto mais velho, pior
Oito em cada dez meninos de 14 anos que pegam hepatite A amargam sintomas clássicos da infecção: a urina fica escura; as fezes, claras; a pele e os olhos, amarelados. Sem contar o tremendo mal-estar. Já em dois terços dos menores de 6 anos o contato com o vírus quase passa batido.
“Neles os sintomas costumam ser inespecíficos”, diz a hepatologista Edna Strauss. “Canseira, febre, dor de barriga…”, exemplifica. Ou seja, aquilo descrito nos relatos de férias com o famoso “pegou uma virose”. Na minoria em que a infecção evolui seus sinais só surgem de duas a seis semanas depois da entrada do vírus.
Vacina nota 10
Injetável, a vacina passou a ser aplicada no início dos anos 1990 e é considerada muito segura. “Tem uma eficácia de mais de 95%”, garante a hepatologista Gilda Porta, de São Paulo. “Toma-se a primeira dose a partir de 1 ano e, depois de seis ou doze meses, é dada a segunda”, explica o pediatra Norberto Freddi.
Elas são suficientes para proteger o organismo pelo resto da vida. Adolescentes e adultos que ainda não se vacinaram também podem receber a injeção, sem problemas. Só não precisa tomá-la quem já teve hepatite A, porque, uma vez doente, o corpo aprende a enfrentar o vírus e nunca esquece a lição.
A saída é descansar
Quem contrai a hepatite A tem só uma coisa a fazer: esperar. O organismo se encarrega de varrer o vírus. Mas a seu tempo. Não há remédio que acelere o processo – que leva morosos 30 ou mais. Os médicos prescrevem repouso até que a situação esteja sob controle.
“Não é necessário permanecer na cama o tempo todo”, diz Edna Strauss. “Só não dá para ficar passeando, indo ao trabalho ou à escola”. Até porque, além de poupar o organismo, é indicado um certo isolamento. E, se você já ouviu aquela história de que é bom entupir o paciente com hepatite de doces, ignore – é lenda. Aliás, como ele fica enjoado, é melhor deixá-lo comer o que lhe apetecer. Só não se esqueça de lhe oferecer muito líquido. Bem hidratado, o corpo se recupera mais depressa.
Confira os principais focos de contaminação e como se precaver:
Água
Em locais onde ela não passa por um tratamento adequado o vírus consegue infectá-la facilmente por meio das fezes humanas. Portanto, só consuma o líquido filtrado. “E o microorganismo gosta de ambientes frios”, diz o infectologista David Uip. Não à toa, ele pode ser transmitido nas pedras de gelo feito com água de torneira.
Alimentos
O saneamento ineficiente favorece a contaminação de verduras e frutos do mar. Evite se alimentar em lugares suspeitos. Ao preparar saladas, deixe-as de molho em solução clorada. O.k., mariscos e ostras crus são uma delícia, mas o mais seguro é comê-los bem cozidos se não conhecer a procedência.
Mãos sujas
A falta de cuidados básicos de higiene é outro fator de risco. Ensine seus filhos a lavar sempre as mãos com sabão. Não deixe também que desenvolvam o hábito de levar os dedos à boca.
Contato com os infectados
Se algum parente contraiu a hepatite A, não há por que entrar em pânico. Mas, para que a infecção não se dissemine, lave os talheres do doente separadamente, por exemplo.