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Deficiência auditiva: em busca do som perdido

Embora os sinais de surdez sejam sutis na infância, eles não devem ser ignorados. Quanto mais rápido o início do tratamento, maior a chance de sucesso

Por Chloé Pinheiro (colaboradora)
Atualizado em 6 nov 2017, 12h31 - Publicado em 7 jun 2016, 13h04
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  • Um a cada 3 mil bebês nascidos no Brasil tem dificuldades para ouvir os sons ao redor. “E esse é o índice de crianças com deficiência auditiva severa”, avisa o otorrinolaringologista Oswaldo Mendonça Cruz, da Universidade Federal de São Paulo.

    As causas do problema variam: herança genética, infecções na gestação, malformação na orelha ou no resto do canal auditivo… Mas o maior desafio hoje é detectar o distúrbio logo cedo. Isso porque nos primeiros meses e mesmo nos primeiros anos de vida o pequeno não manifesta indícios claros de surdez – e é justamente nessa fase que o tratamento costuma obter mais êxito.

    “Estima-se que cerca de 20% das crianças não têm o diagnóstico no tempo ideal. A reabilitação tardia prejudica a fala e o desempenho escolar”, lamenta o otorrino Fayez Bahmad Junior, da Universidade de Brasília. Até por volta dos 3 anos, vive-se o auge da plasticidade neuronal – os neurônios, inclusive aqueles responsáveis por “ler” as ondas sonoras, desenvolvem-se a mil por hora de acordo com estímulos vindos do ambiente.

    Logo, se nesse período da vida parece que o mundo vive em silêncio, é difícil que, mesmo com tratamento posterior, o cérebro da criança passe a assimilar direito a barulheira do dia a dia. “Sem ser instigado desde cedo, ele perde a capacidade de decodificar os sons”, resume Cruz. E mesmo deficiências mais leves comprometem o futuro do miniouvinte se não enfrentadas precocemente.

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    Como ligar a caixa de som

    O aparelho auditivo, que amplifica o volume dos arredores para compensar o déficit natural, é uma das primeiras soluções à vista. E o Sistema Único de Saúde também oferece o implante de condução óssea Bonebridge, fabricado pela Med-El, para quando a tática anterior não surtir efeito. Pouco invasivo, ele capta ondas sonoras e as converte em vibrações que são repassadas do crânio para a porção interior do ouvido. Lá, são transmitidas para o cérebro, virando vozes, assovios, músicas…

    Nos casos severos, porém, geralmente é preciso recorrer ao implante coclear convencional. Em primeiro lugar, o cirurgião instala um dispositivo dentro do ouvido da criança. Passado um mês, ele é conectado a um receptor externo que fica perto da orelha.

    “O método substitui, por meio de feixes eletrônicos, as células sensoriais danificadas que se comunicariam com o nervo auditivo”, descreve Cruz. Sua eficácia é boa, mas cai se a instalação for tardia. Mesmo com uma deficiência, o pequeno pode crescer escutando o mundo. Só que, para isso, a primeira regra é não deixar sinais suspeitos passarem batidos.

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    O teste da orelinha

    Com uma pequena sonda, o especialista mede a resposta do sistema auditivo a estímulos sonoros. Esse exame de triagem, realizado preferencialmente nos primeiros dias de vida, é rápido e indolor. Se o resultado sai alterado ou quando há algum fator de risco, o procedimento é refeito e o médico solicita mais avaliações. Apesar de ser obrigatório por lei desde 2010, o teste da orelhinha ainda não chegou a todos os recém-nascidos do nosso país.

    Fatores que influenciam no déficit auditivo

    Histórico familiar
    Infecções na gravidez
    Malformação congênita
    Parto prematuro
    Icterícia severa
    Infecções como meningite bacteriana na infância

    Ouvidos numa boa
    Indícios de que o bebê está captando os sons do ambiente

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    0 a 3 meses

    Pisca os olhos ao ouvir barulhos altos. Assusta-se e chora em decorrência disso.

    3 a 6 meses

    Demonstra interesse por sons e move a cabeça para procurar a origem deles.

    6 a 9 meses

    Localiza de onde vem o ruído e reconhece e sorri ao perceber vozes familiares.

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    9 a 12 meses

    Interage mais intensamente com o que escuta e começa a balbuciar.

    12 a 15 meses

    Saem as primeiras palavras, ainda que simples, como “mamãe” ou “papai”.

    Fontes: Igor Costa, otorrinolaringologista da clínica Dra. Denise Lellis (SP); Marcela Stefanini, fonoaudióloga da Universidade de São Paulo

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