Muitas mulheres podem apoiar essa iniciativa e oferecer o excesso de sua produção a um dos bancos de leite humano que existem no nosso país
Foto: Dreamstime
O leite materno é uma combinação perfeita de nutrientes e anticorpos que o recém-nascido precisa. Ele evita 13% das mortes até os 5 anos de idade e estimula o desenvolvimento mental das crianças. Por isso, todas elas devem ser amamentadas, no mínimo, por seis meses. Mas, infelizmente, nem toda mãe dá conta dessa tarefa. Fatores como estresse e uso de remédios podem prejudicar a produção. Aí, o melhor a fazer é pedir ajuda a um banco de leite humano.
Um dos grandes entraves aos bancos é a carência de doações. Isso favorece a recorrência das filas, e, não à toa, prematuros e recém-nascidos com baixo peso têm prioridade. A solução para as filas é simples: se mais mães doassem, mais bebês ganhariam. A boa notícia: para oferecer o leite, basta que a mulher seja saudável e suas mamas produzam bastante desse alimento precioso.
Aquelas que tiveram bebê há pouco tempo, inclusive, são muito bem-vindas. “Nos primeiros dias depois do parto, o leite é mais rico em gorduras e vitaminas”, justifica a nutricionista Mercedes Sakagawa de São Paulo. Essa composição é ideal para recém-nascidos, que precisam engordar. Após algumas semanas, a formulação se altera e o líquido fica rico em açúcares, ótimo para os crescidinhos. “Nessa fase, em vez de ser doado aos prematuros, ele é destinado a crianças com mais tempo de vida”, diz a nutricionista Lília Farret.
A saúde da doadora também ganha. A fabricação de leite se intensifica e, aí, fica mais fácil perder peso, além de haver uma redução de sangramento no pós-parto. O risco de câncer de mama também cai: quase 5% a cada ano de amamentação.
Não faltam bons motivos para doar. Então, se você está amamentando, que tal fazer isso hoje mesmo?
Não esqueça nenhum passo
O primeiro requisito para doar leite é se cadastrar em um dos bancos. Os contatos de todos eles podem ser encontrados no site da Fundação Oswaldo Cruz: www.redeblh.fiocruz.br. “É preciso lembrar que o transporte até o posto de coleta deve ser feito em caixas isotérmicas, com gelo, para garantir a temperatura inferior a 5 graus”, orienta a nutricionista Laura Ferreira.
Preparando o recipiente
A higiene é fundamental para que o leite materno não seja contaminado por nenhum micro-organismo
1. Escolha um frasco de vidro com tampa plástica – pode ser um pote vazio de café solúvel ou maionese. Retire os papéis do rótulo e o papelão que fica sob a tampa.
2. Lave o pote e a tampa com água e sabão e os enxágue bem. Não se esqueça de limpar o exterior do recipiente. Sem isso, a higienização não fica completa.
3. Após a lavagem, coloque o vidro e a tampa em uma panela cheia de água, com quantidade suficiente para que o pote fique submerso. Deixe ferver por 15 minutos – conte o tempo a partir do início da fervura.
4. Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar, de boca para baixo, em um pano bem limpo. Não ponha as mãos no interior do pote e resista à tentação de enxugá-lo com um pano. Só use quando estiver seco.
Coletando o leite
Faça isto após o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias
1. Lave as mãos e antebraços com água e sabão, esfregando bem, inclusive entre os dedos. Seque com uma toalha limpa, que não tenha sido usada antes por outras pessoas.
2. Escolha um lugar limpo, tranquilo e distante de animais de estimação. Cubra os cabelos com uma touca ou lenço e, de preferência, coloque outro lenço tampando a boca.
3. Posicione os dedos polegar e indicador na aréola -a parte escura da mama -e faça uma massagem suave e circular para estimular as terminações nervosas que acionam a produção de leite.
4. Após alguns minutos de massagem, firme os dedos no seio e empurre-os para trás, em direção ao corpo. Repita o movimento algumas vezes, até sentir que o leite está chegando.
5. Comprima suavemente o polegar contra os outros dedos, espremendo o seio -sem muita força, é claro -, e movimente a mão horizontalmente. Repita o passo várias vezes, até o leite começar a sair.
6. Despreze os primeiros jatos ou gotas que escorrerem para fora do corpo, porque eles são os resquícios da mamada anterior -e, por isso, perdem boa parte das suas propriedades.
7. Retire o líquido em direção ao frasco até esgotar o estoque de cada um dos seios. Isso porque o leite é mais diluído no início da retirada e, no final, fica mais rico em gorduras e calorias.
8. Cole uma etiqueta no pote, indicando a data em que o leite foi coletado e o seu nome. Em seguida, leve ao freezer e conserve o recipiente ali até o momento da utilização -para seu próprio bebê -ou da doação. No caso, o vidro deve ser transportado até um banco de leite dentro de uma bolsa térmica.
9. Às vezes a quantidade de leite retirada não enche um pote. Mas ele não deve ser retirado da geladeira para uma futura coleta. O certo é esterilizar um novo recipiente a cada vez que quiser aliviar as mamas. Porém, na hora de congelar, não precisa colocar todos os potinhos na geladeira. Despeje o novo leite no frasco já congelado e repita o processo até encher o pote.