Chupeta para maiores: depois da adultização da infância, vem aí a infantilização do adulto
Hábito que viralizou nas redes promete aliviar o estresse e ansiedade. Mas, a longo prazo, pode trazer mais dor de cabeça para quem usa
Por
SEGUIR
SEGUINDO
Atualizado em 20 ago 2025, 14h49 - Publicado em 20 ago 2025, 14h48
Quando você acha que já viu tudo, mais uma moda aleatória invade a internet. Dessa vez, é a chupeta para adultos.
Esse hábito tem se popularizado pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos e na China.
Vídeos virais nas redes afirmam que o hábito pode aliviar estresse e ansiedade, reduzir hábitos como comer de forma compulsiva ou fumar e até ajudar a silenciar o ronco do parceiro.
Mas, na verdade, nenhum desses efeitos é comprovado ou sequer foi testado. E especialistas alertam para possíveis riscos para a saúde mental e bucal.
+Leia Também: Chupeta: os impactos na saúde bucal e no desenvolvimento orofacial
Infantilização e crise na vida adulta
O uso da chupeta por bebês serve, sim, para aliviar os estresses inerentes à primeira formação da vida. Mesmo assim, o uso é polêmico e contraindicado por boa parte dos profissionais de saúde (a Sociedade Brasileira de Pediatra diz que há “prós e contras”, e pede uma decisão informada dos pais).
Agora, um adulto usar chupeta para aliviar a pressão do chefe no trabalho pode indicar um desenvolvimento emocional prejudicado.
“O uso da chupeta por adultos é entendido pela psicologia como uma forma de regressão emocional, ajudando o indivíduo a escapar momentaneamente das pressões do mundo adulto e criando um ‘atalho’ para aliviar desconfortos psicológicos”, explica a psicóloga Talita Fabiano de Carvalho, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.
“Mas, é um tipo claro de infantilização, que refere-se ao comportamento em que adultos buscam conforto em objetos ou práticas típicas da infância, como forma de enfrentar desafios da vida adulta. Isso dificulta o amadurecimento, limitando a capacidade da pessoa de lidar com desafios, adversidades e responsabilidades“, completa.
A psicóloga também afirma que esse fenômeno pode aumentar a dependência, insegurança e baixa autoestima.
E ela reitera que há tratamentos sérios para resolver essas questões emocionais sem recorrer a chupetas. “O desenvolvimento de estratégias maduras para o enfrentamento das emoções são essenciais para evitar dependências e promover o bem-estar psicológico a longo prazo”, aponta a especialista.
+Leia Também: Os três fatores que impactam intensamente a saúde mental de adolescentes
Problemas para dentes
Além de possivelmente esconder questões de saúde mental, usar chupeta na vida adulta pode levar a problemas bucais.
“Não existem estudos científicos que indiquem os impactos do uso de chupetas pelos adultos, pois essa possibilidade seria impensada até poucos meses atrás”, desabafa a dentista Sandra Silvestre, conselheira do Conselho Federal de Odontologia (CFO). “Mas certamente é desaconselhável e trará prejuízos para a arcada dentária e para a oclusão, uma vez que o bico altera a posição de fechamento dos arcos, com lábios vedados”, acrescenta.
A especialista também afirma que o uso prolongado de chupeta poderá provocar desalinhamento dos dentes, desconforto, além de reflexos na deglutição e na estética do sorriso.
“São prejuízos que podem exigir tratamentos odontológicos prolongados, portanto, um risco que não vale a pena”, crava Silvestre.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp
ACESSO LIVRE COM VIVO FIBRA