Para amenizar o barulho, que tal ouvir uma boa música? Ela ajuda a liberar endorfinas, analgésicos naturais.
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Uma nova revisão de estudos feita pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra o que pode acontecer com a mente submetida a barulhos em demasia. Além dos danos auditivos, a situação desencadearia estresse, patrocinaria problemas cardiovasculares, atrapalharia o sono e, em crianças, retardaria processos de aprendizado. “São fatores em potencial para provocar distúrbios mais sérios, como a depressão“, avalia Mathias Basner, um dos autores da revisão. E não se engane achando que o problema só atinge quem mora próximo a grandes avenidas e aeroportos ou trabalha com maquinários ensurdecedores. Fones de ouvido, as buzinadas do trânsito e até o ruído do metrô seriam vilões tão próximos quanto preocupantes.
Barulho que estressa
O excesso de ruído causa, em nossa massa cinzenta, um estímulo desnecessário, que a deixa acelerada sem motivo. “Ficamos em alerta, como se estivéssemos em perigo”, explica Fernando Pimentel de Souza, neurofisiologista da Universidade Federal de Minas Gerais. Isso significa cortisol, o célebre hormônio do estresse, em picos estratosféricos no organismo. “É uma estratégia de defesa, que o próprio cérebro, exaltado, articula”, justifica o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo. Faz sentido, por se tratar de uma reação que prepara nosso corpo para se proteger de um possível problema, como se ele escutasse o som da encrenca.
Quando o sono é prejudicado
Em meio à muvuca sonora, as horas de descanso saem perdendo feio. “Os seres humanos percebem, avaliam e reagem aos sons do ambiente enquanto dormem. Daí que até decibéis baixos são capazes de induzir reações fisiológicas durante o sono“, avisa Basner. Para garantir um repouso revigorante, especialistas determinam que, nesse período, os ruídos noturnos nunca superem os 30 decibéis. “Como a audição não desliga, o barulho ao redor pode prejudicar funções vitais que também continuam acontecendo no corpo adormecido”, diz Souza.
O que fazer para amenizar o estrago
Quando a exposição é inevitável, protetores de ouvido são bem-vindos. Outra ideia é esfriar a cabeça. Isso ajuda muito. “Uma das saídas é investir tempo em estratégias que mobilizam o indivíduo para o bem-estar, como passear, frequentar parques e fugir do caos urbano em dias de folga”, reforça Vasconcellos. Para contra-atacar o desconforto que a barulheira desencadeia na massa cinzenta, vale até mesmo lançar mão de recursos como escutar sons que remetem à natureza ou praticar meditação.
Quem também sofre
Coração
É que, quando submetido a situações muito estressantes, caso da barulheira diária, o organismo produz hormônios que elevam a pressão e contraem os vasos perigosamente.
Aprendizado
Nas crianças, o excesso de ruído cotidiano atrapalha o desenvolvimento cognitivo. Isso, por sua vez, traz dificuldades de comunicação, atenção e uma série de outros aborrecimentos para a garotada.