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Probióticos contra acne

As bactérias do bem encontradas em iogurtes e leites fermentados vêm sendo testadas como uma alternativa para enfrentar as famigeradas espinhas

Por Thais Szegö
Atualizado em 19 fev 2021, 11h05 - Publicado em 17 abr 2018, 18h16
Iogurte, leite fermentado e afins ajudariam no tratamento da acne (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Não é de hoje que se desconfia da capacidade de os probióticos livrarem nossa pele de espinhas. Essa história começou em 1930, quando dois dermatologistas americanos, John Stokes (1885-1961) e Donald Pillsbury (1902-1980), notaram que a microbiota intestinal – o conjunto de bactérias que habitam parte do sistema digestivo – e a saúde da derme estão intimamente entrelaçadas. A partir daí, sugeriram que povoar o intestino com bichinhos do bem poderia afastar problemas no tecido cutâneo.

Em 1961, foi realizado o primeiro estudo formal sobre o assunto no Union Memorial Hospital de Baltimore, nos Estados Unidos. Na ocasião, 300 indivíduos com acne tomaram suplementos recheados de probióticos e apresentaram 80% de melhora na aparência da superfície corporal.

“De lá pra cá, a tendência em analisar o papel da flora intestinal sobre a pele cresceu bastante”, conta a dermatologista Denise Steiner, de São Paulo. Trabalhos recentes conduzidos em paralelo na Rússia e na Itália, por exemplo, mostram que esses benfeitores microscópicos incrementam a eficácia do tratamento e aceleram o desaparecimento das lesões.

Outra pesquisa, esta publicada no periódico americano Nutrition, revelou que os participantes que ingeriram leite fermentado por 12 semanas produziram menos sebo e, por tabela, tiveram menos erupções cutâneas.

Tantas evidências fizeram com que o assunto se tornasse tema de destaque em congressos científicos. Entre as vantagens apontadas pelos especialistas está o fato de que as fontes de probióticos oferecem pouquíssimos efeitos colaterais – principalmente se as compararmos com a isotretinoína, droga empregada em casos graves de acne que deixa a pele e as mucosas extremamente secas, além de alterar o colesterol.

Uma notícia e tanto para os 70 a 90% de jovens que sofrem com as espinhas e para os vários adultos que ainda carregam essas marcas da adolescência. “A princípio, a ideia seria utilizar os probióticos em parceria com os tratamentos convencionais”, já adianta a dermatologista Flávia Addor, da capital paulista.

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O mecanismo que leva os probióticos a rechaçarem a acne não foi totalmente esclarecido, mas algumas pistas vêm sendo desvendadas. “Sabemos que há um forte elo entre o problema na pele e a constipação, que é combatida com a ingestão desse tipo de micro-organismo”, afirma Denise.

A nutricionista e fitoterapeuta Vanderli Marchiori, de São Paulo, vai além: “O desequilíbrio das bactérias do intestino, que resulta em uma maior concentração das ruins, aumenta a permeabilidade do órgão”. É como se ele ficasse poroso demais e, então, facilitasse a migração de toxinas para a circulação sanguínea. Essas substâncias, por sua vez, viajam até a derme, onde favorecem o surgimento dos indesejados pontos vermelhos.

“Os probióticos ainda reduzem a liberação de fatores inflamatórios que pioram o quadro e, pelo que parece, até diminuiriam a fabricação de sebo na pele”, complementa Denise.

Apesar de todas as evidências, não há uma recomendação fechada sobre a quantidade e os tipos de probióticos que devem ser engolidos para afastar a acne. Segundo alguns levantamentos, o consumo regular de iogurte e leite fermentado pode amenizar a chateação, até porque eles ofertam diferentes bactérias do bem para regular o sistema gastrointestinal.

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Entretanto, os especialistas acreditam que o mais indicado seria lançar mão de fórmulas manipuladas. “Para que proporcionem os efeitos esperados, esses micro-organismos precisam estar bem conservados e em uma concentração adequada, o que é mais facilmente alcançado com pílulas ou sachês”, afirma Flávia Addor.

“Além do mais, isso permite associar diferentes lactobacilos para atuar em fatores específicos da doença e ajustar a dose de acordo com as necessidades do paciente”, reforça a dermatologista Eliandre Palermo, de São Paulo.

Outra vantagem de ministrá-los dessa maneira é que não haveria risco de reações decorrentes de uma alergia. “Se o sujeito for alérgico a derivados do leite, consumi-los desencadearia placas vermelhas, coceira e descamação”, esclarece a alergista Lelia Mara Josuá, do Rio de Janeiro. Um verdadeiro tiro pela culatra, certo?

Agora, tem mais uma boa notícia: ao que tudo indica, os probióticos também ajudam a enfrentar outros chabus cutâneos, como a dermatite atópica e a rosácea, condição na qual o rosto fica bem avermelhado. “Eles amenizam a inflamação e o excesso de radicais livres, fenômenos que participam dessas doenças”, conta Mika Yamaguchi, farmacêutica e especialista em dermo-cosmética de São Paulo. No iogurte, no leite fermentado, ou ainda em cápsula, essas bactérias mostram cada vez mais que não merecem a atenção apenas de quem reclama de perrengues gastrointestinais.

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Comida de bactéria

Muita gente confunde probióticos com prebióticos. Mas perceba a diferença: os primeiros são bactérias que habitam e equilibram a flora intestinal. Já os prebióticos são substâncias presentes em alimentos que funcionam como comida para os micro-organismos do bem.

As fibras da aveia, da maçã, da banana e da alcachofra são bons exemplos. Embora não dê pra saber se o seu consumo deixe a pele sedosa, acredita-se que prebióticos potencializem a ação dos probióticos de modo geral. Pelo sim, pelo não, vale a pena investir neles.

Regras de ouro contra a acne

Confira outros cuidados importantes para manter a pele livre das espinhas

Evite alimentos com muito açúcar
Eles estimulam a liberação exagerada de insulina, hormônio que indiretamente abre caminho às erupções cutâneas. A mesma explicação vale para alimentos com alto índice glicêmico, como o pão branco, a batata e o arroz.

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Maneire também na ingestão de leite
Se alguns de seus derivados são benéficos, ele em si pode piorar as coisas. “Acredita-se que proteínas do leite gerem inflamações por trás da acne”, diz Denise. Há artigos sugerindo que hormônios presentes na bebida também afetariam a pele.

Procure relaxar sempre
O estresse incita a fabricação de hormônios que fazem as espinhas darem as caras. Há indícios de que a tensão constante altera a composição da flora intestinal, favorecendo o aparecimento das marcas por toda a superfície corporal.

Fique longe do cigarro
Os tabagistas já costumam apresentar uma pele ressecada e envelhecida. Como se fosse pouco, eles ainda tendem a enxergar mais pontinhos brancos na pele quando olham no espelho. O jeito é parar com as baforadas de uma vez por todas.

Tenha cuidado com a própria higiene
O ideal é lançar mão de sabonetes com agentes como o ácido salicílico, que combate a oleosidade, ajudando a controlar a formação de espinhas. Mas nada de exagerar! O excesso de produtos pode provocar um efeito rebote, que elevaria a produção de sebo.

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