Desde a época dos faraós egípcios, já se conhecia bem o alho por suas propriedades medicinais. De lá pra cá, seus dentes ficaram famosos mesmo pelo sabor forte e ardido que imprime às receitas e pelo odor impregnado na boca. Sorte que a ciência não se esqueceu dos escritos deixados pelos antigos e, cada vez mais, leva o alho à mesa… do laboratório. Conheça os benefícios comprovados recentemente.
Coração
Na Universidade de Hong Kong, na China, pesquisadores recrutaram 125 pacientes que haviam sofrido um derrame e investigaram sua rotina alimentar, dando atenção especial aos vegetais da família Allium, da qual fazem parte o alho, a cebola, a cebolinha e o alho-poró.
Foi aí que perceberam um coincidência, que de mera não tem nada: quem comia alho diariamente apresentava uma melhor função endotelial. Isso significa que os vasos sanguíneos teriam maior facilidade para dilatar.
“Esse trabalho identifica um dos possíveis mecanismos para explicar como o alho provoca uma redução na pressão arterial”, elucida a nutricionista Marcia Gowdak, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Tal efeito, nunca é demais frisar, contribui para a prevenção de um infarto ou de um derrame.
Pressão (ou hipertensão)
A derrocada da pressão apareceu de forma mais cristalina em um artigo publicado recentemente no The Journal of Clinical Hypertension. Os autores, da Universidade Soochow, também na China, revisaram 17 estudos sobre o tema e concluíram: em comparação com pílulas placebo, suplementos à base de alho propiciaram um queda média de 3,75 mmHg na pressão sistólica e de 3,39 mmHg na diastólica.
Em outras palavras, uma pessoa com a pressão 14 por 9 talvez chegue à casa dos 13 por 9. Ao ajustar ainda mais os resultados, os experts descobriram que a pressão sistólica caiu pra valer nos hipertensos, ou seja, aqueles que mais precisavam tirar as artérias do sufoco.
Enquanto os cientistas racham a cabeça para descrever em detalhes como o alho combate a hipertensão, é importante observar que nessa revisão chinesa a ingestão do vegetal ocorreu em forma de cápsulas. Calma: não precisa desanimar. “Podemos usufruir desses benefícios ao consumirmos o alimento in natura”, garante Laís Bhering, mestre em ciências dos alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Colesterol
Num trabalho da Universidade Ewha Womans, na Coreia do Sul, os experts analisaram mais de 80 estudos sobre a relação entre o vegetal triturado e os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre os desfechos, registra-se que o alho em pó – facilmente encontrado no mercado, caso a ideia lhe apeteça – não só controla a pressão como contribui para a diminuição do colesterol LDL, aquele infeliz que entope as artérias.
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Como? É provável que ele breque sua formação lá no fígado. De novo, o que se tem são boas teorias.
Câncer
Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, se debruçaram sobre 17 estudos – no total, havia 8 621 pessoas com câncer de estômago e 14 889 livres da doença – e constataram que qualquer vestígio do vegetal bulboso na dieta reduzia a probabilidade de encarar esse tipo de tumor.
Quem o ingeria com mais frequência contava com blindagem ainda maior. O câncer de pulmão é outro que estaria na mira do ilustre representante da família Allium. De 2003 a 2010, cientistas chineses analisaram 1 424 indivíduos com a doença e 4 543 sem ela.
Depois de afinar os dados, eles perceberam que comer o vegetal cru pelo menos duas vezes por semana derrubaria o risco de ter esse tumor em 44% – claro que não adianta ingerir e fumar, né? – Segundo a nutricionista Ana Carolina Cantelli, do A.C. Camargo Cancer Center, na capital paulista, existem também sólidas evidências de que o câncer de mama seria afugentado quando o alho entra na rotina.