Maracujá: o segredo da fruta está na casca!
E ela vai para o lixo. Que desperdício, já que poderia virar uma farinha ótima para os diabéticos, cheia de pectina, fibra contra os picos de glicose
Foto: Dercílio
Solange Miranda Junqueira Guertzenstein, do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, baseou sua tese de mestrado sobre glicemia na pesquisa. “Depois de consumida, a pectina se transforma em um gel que não é absorvido no processo da digestão”, explica. “Assim, durante seu trajeto entre a boca e o intestino, ela carrega consigo não apenas a glicose, mas também o colesterol dos alimentos, até eliminá-los no bolo fecal.” Ou seja, o produto do maracujá beneficia também quem apresenta altas taxas dessa gordura arriscada para as artérias. Segundo Solange, a farinha conta com 20% de pectina, o que também favorece a perda de peso. “Essa espécie de gelatina faz volume dentro do estômago e dá saciedade”, garante. Ainda não existem estudos sobre eventuais respostas adversas da farinha de maracujá nos seres humanos, mas os especialistas não acreditam em contra-indicações.
Mesmo assim, convém prestar atenção nas reações do organismo. “O consumo excessivo de fibras pode causar diarréia e, por tabela, perda de nutrientes”, alerta Glaucia Pastore, presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos. É bom saber que o consumo diário máximo de fibras em geral é de 30 gramas, segundo recomendação da Food and Agriculture Organization (FAO), órgão das Nações Unidas para a alimentação. Para se ter uma idéia, uma colher de sopa da farinha contabiliza 3,5 gramas, ou seja, fica longe desse limite.
E importante: agora que a farinha começa a ganhar notoriedade, surgem ofertas de produtos fantásticos, veiculadas principalmente pela internet. Seriam confiáveis? “Por enquanto não conheço nenhum que tenha sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, responde Solange Miranda Junqueira Guertzenstein. O aval da Anvisa é obrigatório para quem deseja um consumo seguro. O químico Sabaa Srur ressalta ainda que esses produtos industrializados são feitos muitas vezes com a parte amarela da casca do maracujá, bem mais pobre em pectina. Melhor, portanto, fazer a receita em casa. O único inconveniente é que ela rende muito pouco. “Apenas cerca de 7% da casca vira farinha”, revela Sabaa. Então, em caso de diabete na família, você vai precisar de ânimo para muitas fornadas mas nunca, em hipótese nenhuma, abandone o tratamento prescrito pelo médico.