Com o aumento da expectativa de vida de homens e mulheres, a comunidade científica já mapeia hábitos que ajudam a estender a vida útil das capacidades cognitivas – que tendem falhar com o avançar da idade. E alguns desses hábitos começam à sua mesa. Nesse sentido, chama a atenção uma pesquisa com mais de 15 mil mulheres apresentada no último congresso da Sociedade Americana para Nutrição, que ocorreu abril de 2014, nos Estados Unidos. Ela indica que uma estratégia certeira para parar o relógio (ao menos no que diz respeito à saúde cerebral) é um tanto prazerosa: comer pelo menos uma porção semanal de frutas vermelhas e arroxeadas.
Num estudo que começou em 1980, a autora da descoberta, a epidemiologista Francine Grodstein, da Universidade Harvard (EUA), notou que as voluntárias que comiam uma porção de mirtilo ou duas de morango por semana (frutas que se inserem no grupo das berries) aparentavam ter, em média, 2,5 anos a menos do que sua idade real, em termos de comprometimento cognitivo. “Percebemos que, quanto maior o consumo de flavonoides, substâncias fornecidas por frutas em geral, melhor estava a memória das participantes”, revelou Francine. “E, quando elas eram provenientes das berries, a relação se mostrava ainda mais forte.”
Como os flavonoides beneficiam o cérebro
Já se comprovou que essas substâncias ultrapassam a barreira hematoencefálica, tecido que filtra o que pode chegar à massa cinzenta. Dessa forma, conseguem tocar, por assim dizer, nos neurônios. Com o caminho livre, as substâncias das frutas vermelhas colocam seus talentos em prática. “Elas apresentam atividade antioxidante, favorecem a circulação do sangue e interferem na atuação de neurotransmissores”, lista a nutricionista Selma Sanches Dovichi, professora da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Tudo o que colabora para um cérebro mais afiado.
O que cada uma das berries tem a oferecer
Morango
Ele dá show em vitamina C. Pena que é um dos maiores redutos de agrotóxicos. Quer driblá-los? Se tiver paciência, deixe a fruta de molho e retire a pele. Aproveitar sua época de colheita (o inverno) é uma boa, já que recebe menos defensivos agrícolas. Outra eventual saída é comprar a versão orgânica.
Mirtilo
A cor quase azulada indica que, além da antocianina, ali tem um carotenoide chamado luteína, que também entra na briga contra os radicais livres. Se não encontrar a fruta in natura, aposte sem medo na congelada.
Groselha
Reúne potássio, fibras e vitaminas A e C. Ao natural, é um tanto ácida. Por aqui, costuma ser consumida em forma de doces e xarope, que têm pouca fruta e muito açúcar. No Brasil, melhor maneirar nessa opção.
Amora
Ela esbanja vitamina E e fibras. Tem mais um ponto positivo: carrega ácido elágico, que tem propriedade antimutagênica, ou seja, inibe o aparecimento de tumores.
Framboesa
Também possui o bem-vindo ácido elágico. Se quiser provar sua geleia, facilmente encontrada nas gôndolas dos supermercados, prefira aquelas que listam a fruta como o primeiríssimo de seus ingredientes.
Cranberry
Ganhou fama devido à capacidade de evitar a infecção urinária – a substância responsável pelo feito é a proantocianidina. Há chás e sucos com a fruta. A polpa congelada é outra boa pedida.
Fontes: Cynthia Antonaccio, nutricionista da Equilibrium Consultoria, em São Paulo; Elaine de Pádua, nutricionista da Universidade Federal de São Paulo e da clínica DNA Nutri