O arroz é uma das bases da alimentação de grande parte do mundo. Presente em todos os continentes e em inúmeras receitas, não é de se estranhar que, ao longo dos séculos, muita gente tenha buscado aproveitar um subproduto do seu preparo: a água de arroz, seja a que lavou ou a que cozinhou os grãos.
O líquido é, por exemplo, considerado um remédio caseiro para ajudar a combater casos de diarreia, tanto para reduzir o ritmo da evacuação quanto para garantir a hidratação.
Mas, em tempos recentes, outros benefícios começaram a ser propagandeados. Entre eles, o uso da água do arroz na pele e nos cabelos, para torná-los mais saudáveis. O que tem de verdade nisso?
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Quais são os benefícios da água do arroz?
Desde que sejam utilizados grãos orgânicos e sem nenhum tempero, ou seja, apenas o arroz mais natural possível em contato com a água, o líquido tende, sim, a conservar parte das substâncias do alimento – como antioxidantes e vitamina E.
Já o amido que fica presente na água (é o que dá a ela a aparência leitosa) estaria associado a cabelos mais sedosos, quando aplicado nos fios, e a uma pele menos oleosa.
Tudo isso, no entanto, são vantagens teóricas baseadas em estudos sobre substâncias que podem ser encontradas na água do arroz. Só que essas pesquisas não analisaram a água do arroz propriamente dita, e sim os compostos do alimento. Não está claro até que ponto passar a água na rosto é realmente melhor do que comer arroz, já que grande parte dos benefícios está ligada aos nutrientes.
Do mesmo modo, as vantagens da água do arroz no conhecimento tradicional, como no combate à diarreia, raramente são atestadas pelos médicos com o uso do líquido isoladamente.
Sim, você precisa se reidratar, mas também precisa repor sais minerais de outras formas. E, como a água de arroz acaba sendo utilizada em conjunto com outras coisas, fica menos claro se é ela quem realmente está fazendo a maior parte do trabalho.
Onde está a ciência nesse debate?
É importante reforçar: os supostos benefícios são baseados na sabedoria popular e em propriedades que sabemos que existem no arroz e que, em tese, poderiam realizar essas funções.
No entanto, não existem evidências científicas robustas de que o líquido realmente faz tudo o que se promete a seu respeito. E, mesmo que ele possa confirmar esse potencial, ainda haveria um longo caminho para determinar o modo de preparo e a quantidade mais adequadas para obter os benefícios em segurança e sem desperdícios.
Cuidados e como preparar
Mesmo sem evidências, caso você deseje apostar nessa técnica caseira, é importante lembrar que a água deve sempre ter aspecto leitoso — é o indicativo da presença de amido. Além disso, deve ser utilizada somente a água que teve contato com o arroz puro, sem a presença de qualquer outro ingrediente, como sal.
Até em função da falta de aprofundamento científico, não existe certeza sobre a “melhor água” — se aquela obtida a partir do arroz cozido ou aquela em que você mergulhou ou lavou os grãos antes de levar ao fogo.
Em qualquer cenário, suspenda o uso imediatamente e busque orientação médica em caso de qualquer incômodo inesperado. Para quem aplica diretamente à pele, é preciso ficar atento ao risco de desenvolver dermatites e alergias.